A aflição do líder do governo com uma decisão judicial
Atormentado com quebra de sigilo de suas contas na CPI do Senado, confirmada pelo STF, líder do governo passou a achar que "este país não é sério"
Líder do governo na Câmara, o deputado Ricardo Barros (PP-PR) mostrou-se atormentado, ontem, com a decisão do Supremo Tribunal Federal confirmando a quebra do seu sigilo fiscal e bancário na CPI da Pandemia, por suspeita de envolvimento em negócios obscuros com vacinas no Ministério da Saúde. Ele acusou o Supremo e a CPI de “vazamento” da decisão: “Este país não é sério mesmo”, criticou.
Barros é um político experiente. Foi prefeito de Maringá (PR), secretário de Indústria no Paraná, ministro da Saúde no governo Michel Temer e está na Câmara há 26 anos, onde liderou uma das alas do Centrão. Sabe que decisões do Supremo são públicas, como manda a Constituição. No caso, o documento liberando a quebra do sigilo das suas contas privadas pode ser encontrado no site do tribunal (clique aqui para obter uma cópia)
Os problemas de Barros com o Judiciário são antigos, mas faz pouco tempo que ele embarcou na onda bolsonarista de confronto com o STF. Foi o primeiro aliado de Bolsonaro a anunciar, em público, uma ideia em progresso dentro do governo: não cumprir decisões do Supremo “em algum momento” — como disse há dois meses.
Não se sabe quem fez a sugestão a Bolsonaro, mas sobram certezas de que Barros abraçou a causa. Seriamente.