Como disse Monteiro Lobato, “um país se faz com homens e livros”. Mas Bolsonaro vem, reiteradamente, incentivando os brasileiros a comprarem fuzis.
Nessa última sexta-feira, o presidente disse para um grupo de apoiadores – no seu conhecido “cercadinho da Alvorada” – que são idiotas os que preferem comprar feijão em vez de fuzis.
A compra de armas de fogo e munições vem sendo, desde o início desse governo, constantemente incentivada, quase como uma obsessão, tanto pelo presidente como pelos seus três filhos mais velhos.
Reparem que a cloroquina, e outras drogas que comprovadamente não têm qualquer serventia para o enfrentamento à pandemia, configuraram-se igualmente em verdadeira fixação do presidente da República. Hoje temos uma CPI que investiga, entre outros malfeitos, a possibilidade de alguém ter lucrado indevidamente com o aumento desnecessário da produção de cloroquina. Já foi revelada, também, a tentativa de perpetração de fraudes milionárias na compra de imunizantes para o Covid-19. E haveria, segundo já apurado, alguns atores palacianos – cuja totalidade de nomes ainda não conhecemos – advogando por uma boa beirada nessas aquisições milionárias.
Afinal de contas, o que haveria por trás de tanto empenho no fomento do consumo de itens que definitivamente não importam para a vida do brasileiro, e cuja venda não deveria ser sequer incentivada?
Nada nos assegura que esse fervor por armas e munições não venha a desaguar, em futuro não muito distante, em um grande escândalo de tráfico de influência e corrupção.
E os novos registros de armas de fogo em nosso país aumentaram 90% em 2020 – em comparação com 2019 -, sendo o maior número da série histórica do sistema da Polícia Federal. Os efeitos desastrosos dessa política equivocada serão sentidos pela sociedade brasileira ainda por muitos anos.
Quem afinal disse ao presidente que armar a população impactará positivamente na segurança pública? O impacto positivo dessa insensatez ocorrerá tão somente nos bolsos de fabricantes, comerciantes, intermediários e representantes – e com certeza numa meia dúzia de coronéis da reserva.
O setor de armas e munições já ganhou muito dinheiro com a mudança de vetor operada pelo governo Bolsonaro – em detrimento da política de desarmamento que até então vinha sendo aplicada no Brasil, chancelada por especialistas e pelas mais modernas pesquisas acadêmicas sobre o tema.
Não causará nenhum espanto se, a partir de 2023, assistirmos à Polícia Federal investigando o “Escândalo do Pistolão”, isto é, a atuação de lobbies criminosos que teriam levado vantagens indevidas com o aumento exponencial de vendas de armas de fogo e munições, em flagrante prejuízo da segurança do cidadão comum.
Mas, afinal de contas, it’s all about money, e o que aparentemente não faltam nesse governo são pelotões de beiradeiros.