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Isabela Boscov

Por Coluna
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Jessica Jones

Por Isabela Boscov Atualizado em 31 jul 2020, 00h00 - Publicado em 29 nov 2015, 17h21

Os super-heróis e o stress pós-traumático.

De certa forma, assim como Rami Malek era um ator à espera de que algo como Mr. Robot acontecesse para ele, Krysten Ritter era uma atriz na expectativa de uma oportunidade como Jessica Jones.

No papel pequeno mas crucial da namorada de Jesse Pinkman na segunda temporada de Breaking Bad, ou como a personagem-título da nem sempre muito bem desenvolvida Don’t Trust the B**** in Apartment 23, Krysten foi sempre uma ótima intérprete da dualidade – ou do descompasso entre o que uma pessoa é (essencialmente decente) e a maneira como ela age (frequentemente questionável). Essa inconstância é fundamental a Jessica, uma heroína em que o drama pessoal está muito mais em evidência do que os superpoderes.

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Como todo super-herói, Jessica tem um passado conturbado; mas, no caso dela, esse passado não a aproximou de sua missão heróica – ao contrário, ele a afastou dela. Jessica foi durante algum tempo presa de Kilgrave (David Tennant), um controlador de mentes, e ele a obrigou a um sortimento de indignidades: desde sorrir ininterruptamente (Kilgrave tem um prazer todo especial em humilhar mulheres e rebaixá-las) até matar inocentes. Livre do poder de Kilgrave, ela se esconde do mundo em plena vista dele, trabalhando como investigadora particular – ou seja, mantendo contato compulsório com a sordidez – e se refugiando no sexo aleatório e no alcoolismo (Jessica é vista sempre no fim de uma garrafa de Wild Turkey, nunca no começo dela).

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Todas as pessoas à volta de Jessica vivem também sob as repercussões de algum trauma: Luke Cage (Mike Colter), o dono de um boteco em Hell’s Kitchen que esconde seus superpoderes e não sabe ainda que Jessica foi a causa de uma tragédia em sua vida; Malcolm (Eka Darville), o junkie tristíssimo que mora no mesmo andar que ela; sua melhor amiga Trish (Rachael Taylor), que tem tanto pavor de Kilgrave e da violência que transformou sua casa numa fortaleza; e Simpson (Wil Traval), o policial bom caráter que fez coisas terríveis também a mando de Kilgrave (aliás, o inglês Tennant faz dele um dos melhores vilões da Marvel: petulante, vaidoso e autocentrado, ele é o mal no máximo de sua frivolidade e desfaçatez). Esse é talvez o aspecto mais interessante da série: a maneira como essas pessoas cautelosamente vão se aproximando e relutantemente passam a depender ou confiar umas nas outras. Como tradução da solidão urbana, Jessica Jones é, nesse sentido, uma série muito mais madura que O Demolidor.

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O que ainda falta a esta nova parceria entre a Marvel e o Netflix, porém, é uma linguagem visual que colabore de forma mais decisiva com seu tema: Jessica Jones só em raros momentos é uma série de ação, e precisa portanto urgentemente aliciar o espectador para seu universo por outros meios mais imediatos e concretos. Até aqui, com cinco episódios vistos, Jessica Jones ainda não desenvolveu seu próprio estilo. Às vezes, aliás, faz lembrar Law & Order: Special Victims Unit – ágil e competente, mas sem muita personalidade. No quarto e quinto episódios, entretanto, começaram a aparecer sinais de que a série está se encontrando também nesse departamento e se tornando mais coesa, mais firme. Fiquei muito grata ainda por uma ausência notável no quinto episódio: a da advogada inescrupulosa de Carrie-Anne Moss, que parece uma versão de segunda linha de Robin Wright em House of Cards (até o corte de cabelo é igual; só muda a cor). Carrie-Anne merece mais do que um personagem tão mal escrito.

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