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Vilfredo Schurmann, isolado nas Malvinas: “O mar é o lugar mais seguro”

Em uma viagem desde janeiro, parte da Família Schurmann recebeu a notícia sobre a pandemia em alto mar

Por Jennifer Ann Thomas Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 7 abr 2020, 13h47 - Publicado em 7 abr 2020, 13h24

Desde janeiro, Vilfredo Schurmann, de 72 anos, patriarca e capitão da Família Schurmann, famosa por velejar ao redor do mundo, está navegando pela região das Ilhas Malvinas, junto com seu filho Wilhelm e sua nora Erika. Economista por formação, Schurmann partiu de Itajaí no veleiro Kat e, durante dois dias, a embarcação enfrentou ventos de 140 quilômetros por hora e ondas de 8 a 10 metros de altura. Duas velas rasgaram no meio do caminho. Depois de chegarem às Malvinas, região também conhecida como Ilhas Falkland, o trio passou pelas Ilhas Geórgia do Sul, a 1.500 quilômetros de distância, para visitar alguns amigos. Ao retornar às Malvinas, recebeu a notícia que paralisou o mundo: uma pandemia causada pelo coronavírus. O plano original era retornar ao Brasil há um mês, em março. No entanto, ao perceberem a gravidade da situação, pior do que qualquer tempestade que poderiam enfrentar no caminho de regresso, decidiram estender a estadia em um dos locais mais isolados do mundo. 

Como o senhor se sentiu ao receber a informação sobre a pandemia causada pelo coronavírus? Nós sentimos algo que nunca imaginávamos que fosse acontecer. Só víamos em filme. Esporadicamente, vemos alguns alertas de cientistas sobre possibilidades de mutação de um vírus. Mas isso, para nós e para a maioria das pessoas, era algo remoto. Estamos isolados do mundo, em West Falklands, ou Malvinas. Em 30 dias, tivemos contato com dois fazendeiros. Caminhamos uns 6 quilômetros por dia, subindo montanhas e nos pastos entre ovelhas e carneiros.

Como soube que a doença se tornou uma pandemia? Soubemos pelo rádio e pela internet que temos a bordo. Já estávamos isolados nesta região. Optamos por ficar mais tempo sem ter contato com pessoas.

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Alguma coisa mudou no planejamento da viagem por conta do coronavírus? Sim, mudou. Estávamos prontos para zarpar para o Brasil, rumo a Itajaí. Seriam dez dias de navegação. Estávamos em West Falklands, um lugar isolado com alguma fazendas, que normalmente têm entre cinco a oito pessoas. As notícias não eram boas e resolvemos estender nossa estadia. Avisamos as autoridades de imigração por rádio que iríamos permanecer por um tempo a mais na região. Estamos aqui até o momento. A previsão de retorno é no final deste mês. Se a situação estiver estabilizada no Brasil.

Vocês podem descer do veleiro? Sim, podemos. Na região, foram registrados somente dois casos da doença e eles já estão fora de perigo. Mesmo assim, na maior cidade, a de Porto Stanley, que tem 2.000 habitantes, só quinze pessoas podem entrar ao mesmo tempo no supermercado, com uma distância de 2 metros entre as pessoas, manter o uso de máscaras, entre outras medidas de segurança. O tempo todo as autoridades dão notícias à população pelo rádio. Preferimos não ficar na cidade.

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O senhor está no grupo de risco, por ser idoso. O senhor se preocupa? Sim, estou ciente do risco que corro. O meio do mar é o lugar mais seguro. Nos últimos 30 dias, tivemos contato com duas pessoas, que são proprietários de fazendas. O local é muito isolado. Por isso decidimos ficar mais tempo aqui.

Como vocês se distraem durante esse tempo? Além da manutenção do veleiro, que é frequente, lemos muito, Erika pinta, jogamos cartas, caminhamos cerca de 6 quilômetros por dia nos pastos no meio de carneiros e ovelhas. Subimos montanhas de 450 metros de altura. Em 30 dias, andamos 80 quilômetros. À noite temos um telão e assistimos filmes.

Na falta de pessoas, há animais na região onde vocês estão? Sim, aqui tem muitos pinguins, focas, leões-marinhos, patos, aves, albatrozes, baleias e golfinhos, que vêm brincar no bote quando vamos à praia.

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