Black Friday: Revista em casa a partir de 8,90/semana

Impacto

Por Jennifer Ann Thomas Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO
Respirou, causou. Toda e qualquer ação transforma o mundo ao nosso redor.
Continua após publicidade

As mulheres reinventam um novo modo de autoestima em tempos de isolamento

Cuidados com o cabelo, unhas etc. deixaram de ser prioridade

Por Jennifer Ann Thomas Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 4 jun 2024, 14h49 - Publicado em 24 abr 2020, 06h00
  • Seguir materia Seguindo materia
  • “Não existem mulheres feias, apenas mulheres preguiçosas”, disse a polonesa Helena Rubinstein (1872-1965), a célebre empresária do ramo de cosméticos. Revelar a própria beleza, portanto — algo indissociável de toda mulher —, dependeria apenas de não ceder a alguma eventual prostração. Por isso, tome arrumação de cabelo, pintura de unhas, batons, cremes etc. etc. Em tempos de quarentena, no entanto, com parte do planeta submetida ao distanciamento social para frear a propagação do novo coronavírus, todos aqueles cuidados deixaram de ser prioritários no dia a dia das mulheres (sim, fiquemos aqui no terreno feminino, embora o desassossego com a aparência não exclua os homens, em face, por exemplo, das portas cerradas das barbearias).

    Assoberbadas de trabalho — profissional e doméstico — dentro de casa, e diante das exigências de confinamento, muitas mulheres buscam às vezes soluções inusitadas para se cuidar, como a que se vê na foto ao lado, feita em Amsterdã, na Holanda. A verdade, contudo, é que elas se sentem impossibilitadas de dar a si mesmas a atenção estética, digamos desse modo, de que gostariam. Não se trata, porém, é claro, de desleixo, de desapego — ou, em uma palavra, de preguiça. E as mulheres, aos poucos, estão começando a entender isso melhor.

    Para a psicanalista Joana de Vilhena Novaes, coordenadora do Núcleo de Doenças da Beleza da Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro, o que está ocorrendo em virtude da pandemia é um processo de inversão de valores. “A máxima do culto ao corpo martela: ‘Para que conviver com defeitos se posso mudá-­los?’. Agora, diante do novo coronavírus, que já alcançou o mundo inteiro, essa lógica não faz o menor sentido. O olhar passou a ser direcionado para a sobrevivência e não mais para a aparência”, explica ela.

    Antes do afastamento social, toda vez que a publicitária Julia Velo aparecia na agência onde trabalha sem nenhuma pintura no rosto, os colegas, relata ela, chegavam a perguntar se estava doente. “Era impossível sair de casa sem colocar a máscara de mulher bem cuidada. Hoje em dia, quando me olho no espelho, sinto orgulho de tudo o que faço para cuidar de mim e da minha família, mesmo que pareça esteticamente ‘quebrada’”, assegura a jovem, que vive com o namorado em São Paulo. Fios brancos de cabelo, olheiras, espinhas — tudo passou a poder ficar exposto aos olhos de quem se acostumou a esconder as imperfeições, os “defeitos” do corpo. “É preciso se sentir bem consigo mesmo para conseguir cuidar melhor do outro, como o momento exige”, acredita a publicitária.

    Continua após a publicidade
    _R_13743.jpg
    DE CARA LAVADA - A publicitária Julia Velo: a maquiagem agora virou brincadeira e diversão, como quando era menina (Jonne Roriz/.)

    A opinião é compartilhada com a atriz Lila Guimarães, criadora do blog Cena Crua, no qual publica posts sobre beleza natural. Passando a quarentena em São Bento do Sapucaí (SP) com o marido e a filha de 1 ano e 9 meses, Lila aposta numa renovada da autoestima para atravessar a pandemia. “Quem faz uma máscara de argila no rosto quer ficar mais bonita, é óbvio. Mas, ao mesmo tempo, está olhando para dentro de si. Olho para o espelho e vejo o reflexo de uma circunstância histórica, o terrível surto que estamos vivendo. Então, não vou me exigir ficar incrível. Vou me exigir ficar saudável”, afirma a atriz.

    Desde o início do confinamento social, a maquiadora Vanessa Rozan diz que percebeu no instituto Liceu de Maquiagem, fundado por ela na capital paulista, dois movimentos: um, de desapego dos cosméticos, com o devido detox dos produtos; e o outro, que o sucede em alguns casos, marcado pelo resgate da rotina de procurar se embelezar, só que no ambiente familiar, o que pode ajudar até a diminuir a ansiedade. “Muitas mulheres passaram a fazer maquiagem em casa para dizer: ‘Comecei o dia’”, atesta Vanessa. Anos de imagem retocada evidentemente não passam impunes, observa ela. “A hora é de autoaprendizado e reaprendizagem”, sublinha.

    Continua após a publicidade

    A lição, entretanto, não precisa ser pesada. Na quarentena, a publicitária Julia se lembrou de quando, ainda menina, usava os cosméticos da mãe. “A maquiagem voltou para o lugar da brincadeira. Não ‘tenho de’, mas pode ser divertido me ver com um batonzão vermelho.” Alguém discordaria da naturalidade dessa beleza?

    Publicado em VEJA de 29 de abril de 2020, edição nº 2684

    Publicidade

    Publicidade

    Matéria exclusiva para assinantes. Faça seu login

    Este usuário não possui direito de acesso neste conteúdo. Para mudar de conta, faça seu login

    Semana Black Friday

    A melhor notícia da Black Friday

    BLACK
    FRIDAY

    MELHOR
    OFERTA

    Digital Completo

    Acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

    Apenas 5,99/mês*

    ou
    BLACK
    FRIDAY
    Impressa + Digital
    Impressa + Digital

    Receba 4 Revistas no mês e tenha toda semana uma nova edição na sua casa (a partir de R$ 8,90 por revista)

    a partir de 35,60/mês

    ou

    *Acesso ilimitado ao site e edições digitais de todos os títulos Abril, ao acervo completo de Veja e Quatro Rodas e todas as edições dos últimos 7 anos de Claudia, Superinteressante, VC S/A, Você RH e Veja Saúde, incluindo edições especiais e históricas no app.
    *Pagamento único anual de R$71,88, equivalente a 5,99/mês.

    PARABÉNS! Você já pode ler essa matéria grátis.
    Fechar

    Não vá embora sem ler essa matéria!
    Assista um anúncio e leia grátis
    CLIQUE AQUI.