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Análises irreverentes dos fatos essenciais de política e cultura no Brasil e no resto do mundo, com base na regra de Lima Barreto: "Troça e simplesmente troça, para que tudo caia pelo ridículo".
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R$ 1.039.000 para “simplificar” Machado e companhia! Vão “simplificar” matemáticos com verba pública também?

Por Felipe Moura Brasil Atualizado em 31 jul 2020, 03h52 - Publicado em 12 Maio 2014, 17h53

Deu no Estadão (grifos meus para os preguiçosos):

Às vésperas do lançamento de suas adptações de O Alienista, de Machado de Assis, e de A Pata da Gazela, de José de Alencar, projeto que gerou polêmica entre leitores que se revoltaram com a ideia de ver palavras de autores clássicos alteradas e simplificadas, a escritora Patricia Engel Secco se recusou a falar sobre os valores de seu projeto. Mas o Estado apurou que, em 2009, ela pediu autorização ao Ministério da Cultura para captar R$ 1.530.480. A proposta era “escolher quatro títulos de autores brasileiros e editá-los de forma que os livros sejam acessíveis e de fácil leitura”. Deixaram que ela pedisse R$ 1.455.980 – no parecer, excluíram o custo de R$ 36 mil destinado a coordenação e reduziram outros gastos. Ela captou R$ 1.039.000 e fez dois livros, que serão distribuídos gratuitamente. Entre os apoiadores, a Mahle Metal Leve e a Tortuga Companhia Zootécnica – ambas deram R$ 200 mil. Segundo o MinC, a prestação de contas está sendo analisada.

Já escrevi dois artigos a respeito: “Machado de Assis vai dar beijinho no ombro também?” e “Reescritora de Machado trata pobres como incapazes e se diz ‘horrorizada’ com as elites? Esquerdismo é isso!“. No final do primeiro, eu questionava os custos. Agora temos a resposta: R$ 1.039.000 para “simplificar” e distribuir as obras de Machado e José de Alencar.

Por que não dar um passo adiante e fazer o mesmo com os nossos maiores matemáticos? Joaquim Gomes de Souza, o “Souzinha” (1829-1864), é um deles. Reza a lenda que, em Paris, durante uma aula de Augustin-Louis Cauchy (1789-1857), considerado o maior de seu tempo, “Souzinha”, franzino e desajeitado, timidamente se levantou e perguntou: – Dá licença? O auditório que acompanhava atentamente as palavras de Cauchy passou a observar o nosso “Souzinha”, que pediu o giz e demonstrou onde, por duas vezes, o sábio Cauchy se enganara, sendo levado a concluir erroneamente pela não integralização. Impressionado, Cauchy cumprimentou o jovem brasileiro, de quem veio a se tornar então um grande amigo.

Eu não tenho dúvidas de que o personagem de Matt Damon no filme “Gênio indomável” foi inspirado no nosso “Souzinha”. Como o Brasil está em 58º no ranking de matemática do Pisa (Programa Internacional de Avaliação de Alunos), precisamos levá-lo para as massas também.

Mas veja só que coisa complicada parte da matéria com que ele lidou em toda a sua obra, iniciada em 1850 com “Resoluções das Equações Numéricas”:

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integral

Parafraseando Patrícia Secco: “Há cinco ou seis símbolos que o eletricista José não entende a cada linha”, de modo que “é muito triste pensar que algumas pessoas acham que ‘Souzinha’, o mestre da matemática brasileira, não pode ser lido pelo eletricista José.”

Que tal “descomplicarmos” a coisa toda de uma vez?

1 + 1 = 2.

Pronto. A obra do nosso “Souzinha” agora é acessível à maioria dos brasileiros. Aguardo os meus R$ 1.039.000 dos cofres públicos.

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Felipe Moura Brasil – https://www.veja.com/felipemourabrasil

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PS: Em breve, meus projetos para simplificar Mozart também.

Artigos anteriores:
Machado de Assis vai dar beijinho no ombro também?
Reescritora de Machado trata pobres como incapazes e se diz ‘horrorizada’ com as elites? Esquerdismo é isso!

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