A melhor charge da primeira edição do jornal satírico Charlie Hebdo após o ataque terrorista em Paris é esta:
E é mesmo. O depoimento do antigo advogado de Said Kouachi já corroborava a piada:
“Ele era um aprendiz de perdedor, que fumava maconha e trabalhava para comprar drogas. Era um rapaz perdido que não sabia o que fazer com a sua vida, e que, um dia, encontrou pessoas que o fizeram se sentir importante”, contara Vincent Olivier ao jornal “Le Parisien”.
No Brasil dos 56 mil homicídios por ano, qualquer mãe de cidadão assassinado poderia repetir a charge do “Charlie”, comparando tantos anos de trabalho para tantos segundos de crime – mas vou deixar o depoimento de uma delas para o próximo post.
Neste, a analogia fica para o episódio do dia 31 de dezembro de 2014, em que 193 motocicletas foram roubadas de um depósito do departamento de transportes do Rio, para onde são levados os veículos em situação irregular apreendidos nas ruas e nas blitzes.
O auxiliar de cinegrafista Ademilson Pereira pagou mais de R$ 543 pelas diárias de sua moto nova, apreendida no dia 19. Seu depoimento é o retrato do Brasil, sempre rigoroso para punir o deslize do cidadão de bem, sempre voluntarioso para facilitar a vida de criminosos de fato:
“Fiquei 15 dias tentando tirar minha moto, mas a burocracia me impediu. Em uma hora, o bandido leva quase 200. É um absurdo total.”
É sim. Aqui, você é assaltado duas vezes: uma pelo Estado, outra pelos bandidos. Com um pouco de sorte, não é morto por eles.
Mas fique tranquilo, companheiro: a presidente Dilma – ex-terrorista de esquerda, preguiçosa e desocupada – já está aumentando os impostos para punir você de novo.
Felipe Moura Brasil ⎯ https://www.veja.com/felipemourabrasil
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