Trecho da entrevista que William Faulkner concedeu a Jean Stein Vanden Heuvel, da Paris Review, em 1956:
“O escritor não precisa de liberdade econômica. Tudo de que precisa é lápis e papel. Eu nunca soube que algo bom em literatura tivesse se originado da aceitação de uma oferta gratuita de dinheiro. O bom escritor nunca pede auxílio a uma instituição cultural. Está ocupado demais escrevendo alguma coisa. Se não é um escritor de primeira classe, ilude-se dizendo que não tem tempo ou liberdade econômica. […] As pessoas na verdade têm medo de descobrir que podem suportar muita adversidade e pobreza. Têm medo de descobrir que são mais resistentes do que pensam. Nada pode destruir o bom escritor. A única coisa que pode alterar o bom escritor é a morte. Os bons não têm tempo para pensar no sucesso ou em ganhar dinheiro.
Trecho (transcrito por mim) da última entrevista de Monteiro Lobato, concedida a Murilo Antunes Alves, da Rádio Record, em 1948, dois dias antes de sua morte em decorrência de um derrame:
Murilo Antunes Alves: De todas as suas obras, Monteiro Lobato, qual a que mais lhe agradou, ou a que fala mais de perto ao seu coração?
Monteiro Lobato: De todas as minhas obras, a que mais me agrada é a que me dá mais dinheiro; é a que me dá maior lucro. Revendo lá minhas contas, eu vejo que é ‘Narizinho’, [A menina do] ‘narizinho arrebitado’, porque já vendi uma série de edições com ‘Narizinho’, já vendi mais de 100 mil exemplares e, portanto, esta é a querida do meu coração. Se eu dissesse qualquer coisa diferente, seria mentira ou hipocrisia.
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Moral da história:
Falta de dinheiro não é desculpa e amor ao lucro não é vergonha.
Felipe Moura Brasil – https://veja.abril.com.br/blog/felipe-moura-brasil/