Tarantino alfineta Netflix: ‘Não faço filmes para desová-los no streaming’
O cineasta promete abandonar a direção de filmes após seu próximo lançamento — além de questões pessoais, ele aponta o cenário de streaming como motivo
Quentin Tarantino atualmente trabalha na produção do que ele diz ser seu último filme, The Movie Critic, ainda sem título e português. A narrativa é inspirada em um crítico de cinema contratado por uma revista pornográfica nos anos 1970, e deve encerrar a carreira do diretor no cinema. Para o portal americano Deadline, ele comentou sua partida das telas e o que acha do mercado baseado em streamings — sem poupar a Netflix ou o astro Ryan Reynolds.
Questionado quanto às suas intenções de abandonar a direção de longas, Tarantino defendeu que filmes devem ser lançados em salas de cinema e declarou: “Gosto da ideia de me esforçar ao máximo por 30 anos e então dizer ‘ok, é o bastante’. Além disso, agora é um bom momento, pois o que sequer é um longa atualmente? É algo que exibem na Apple? Isso seria um retorno decepcionante.”
Elaborando seu ponto de vista, o cineasta partiu para comentários acerca do ator Ryan Reynolds, protagonista de filmes exclusivos da Netflix como O Projeto Adam e Alerta Vermelho: “Não quero provocar ninguém, mas aparentemente Ryan Reynolds ganha 50 milhões de dólares por cada filme que faz para a Netflix. Eu não sei o que esses filmes são. Eu nunca os vi, você viu?”. “É bom para ele que esteja ganhando tanto dinheiro, mas estes filmes não existem no imaginário coletivo. É quase como se eles não existissem por inteiro”, emendou.
The Movie Critic será distribuído pelo estúdio Sony Pictures, que o diretor descreve como “o último da cidade a ser completa e absolutamente dedicado à experiência de uma sala de cinema”. Segundo ele, os produtores com quem trabalha não pensam em alimentar uma plataforma de streaming, e medem o sucesso de um filme pelo número de cadeiras preenchidas e impacto cultural — “não estamos fazendo um filme grande e caro para desová-lo no streaming, onde ninguém sabe que ele está.”
A possibilidade de trabalhar com televisão, porém, não é um problema para Quentin, que se demonstra aberto para a possibilidade: “Não disse que estou entrando na noite escura. Posso fazer um seriado, posso fazer um curta, posso fazer uma peça de teatro. Existem muitas coisas, mas provavelmente serei mais escritor”, conclui.