Os bastidores impressionantes de ‘Pinóquio’, em números
Animação em stop-motion de Guilhermo del Toro levou dez vezes mais tempo para ser filmada do que um filme convencional
Ao longo de uma hora e cinquenta e quatro minutos, Pinóquio por Guilhermo del Toro encanta pelo visual deslumbrante e por sua história sensível, que parte de uma releitura da fábula homônima a luz da interpretação do cineasta mexicano. O tempo de apreciação do longa pelo público, porém, não chega perto dos anos levados para que del Toro atingisse o resultado que tanto almejava. Feito em animação stop-motion, o longa sobre o boneco de madeira que sonha se tornar menino de verdade levou 940 dias, aproximadamente dois anos e meio, para ser filmado.
Envolvendo um time diverso de animadores, Pinóquio levou cerca de 10 vezes mais tempo para ser gravado do que uma produção convencional. “Um calendário de filmagens muito longo é considerado 94 dias”, contou del Toro em entrevista ao podcast Skip Into. O tempo exorbitante é justificado: mover um personagem por apenas um segundo requer 24 quadros, ou seja, em um longa de aproximadamente duas horas são necessários cerca de 7200 segundos, o que equivale a 172.800 quadros. Estendendo a contagem para todos os personagens, que incluem Gepeto, Pinóquio, O Grilo, Spazzatura e Conde Volpe, por exemplo, os segundos facilmente viram anos.
Além de precisar movimentar cada um dos bonecos da animação, técnicas diferentes foram empregadas para cada personagem. No minidocumentário de bastidores Pinóquio por Guilhermo del Toro: Cinema Feito à Mão, o cineasta e sua equipe explicaram que, por exemplo, Conde Volpe e Gepeto tinham mecanismos embaixo de seus rostos que facilitavam a criação de expressões faciais. Já no caso de Pinóquio, impresso em uma impressora 3D, era preciso fazer diversos rostos com cada uma de suas expressões.
O cineasta mexicano trabalhou com mais de 60 unidades de filmagem simultaneamente. Essas unidades nada mais são do que os sets onde determinada cena acontece. A movimentação da câmera também foi outro fator importante, já que del Toro buscava imagens dinâmicas. “Queríamos os personagens e a câmera se movimentando, como num plano longo de um filme tradicional. Em alguns casos, a câmera se moveu um bocado. Por exemplo, teve um único plano que demorou três meses”, contou. Foi mais de dois anos e muito trabalho braçal para dar vida a Pinóquio — mas a espera compensou pelo resultado magnífico que enche os olhos.