Filmes que retratam guerras são figurinhas carimbadas no Oscar. Em quase toda edição, há um longa representando o filão: os últimos títulos do gênero que concorreram à estatueta de melhor filme na premiação foram 1917, em 2020, e Dunkirk, em 2018. Geralmente, são produções americanas. Mas, na atual edição do maior prêmio do cinema — cujos indicados foram anunciados nesta terça-feira, 24 — chamou atenção um título alemão. Nada de Novo no Front, aposta da Netflix sobre a I Guerra Mundial, conquistou 9 indicações, concorrendo nas categorias de melhor filme, roteiro adaptado, filme internacional, melhor edição de som, fotografia, efeitos visuais, maquiagem e cabelo, design de produção e trilha sonora original.
Trata-se da segunda maior indicação para um filme em língua não inglesa, atrás de Roma (2018) e O Tigre e o Dragão (2000), que receberam dez indicações. A narrativa é uma adaptação do livro homônimo do alemão Erich Maria Remarque, lançado em 1928. Hollywood já contou sua versão em 1930: Sem Novidade no Front, na época, concorreu em quatro categorias e faturou a estatueta de melhor filme na 3ª edição do Oscar. Agora, resta esperar para ver se a história em sua língua materna também chegará longe na premiação.
O filme acompanha Paul (Felix Kammerer), um jovem alemão deslumbrado com o discurso nacionalista do Exército e determinado a se alistar para o confronto contra a França, na região que abrigou o trágico fronte ocidental da I Guerra. Chegando à trincheira, ele se depara com a morte por todos os lados. De maneira impactante, o filme expõe a glamourização da guerra, a manipulação feita pelos poderosos e a inutilidade do confronto — assim, diferente de muitas produções do filão, Nada de Novo no Front foge das romantizações sobre a guerra.