Diretor do clássico O Exorcista e um dos cineastas mais importantes da “Nova Hollywood” — movimento cinematográfico que revolucionou a indústria americana entre as décadas de 1960 e 1980 —, William Friedkin faleceu na manhã desta segunda-feira, 7 de agosto, em Los Angeles, aos 87 anos. O óbito foi confirmado por Stephen Galloway, reitor da Universidade Chapman, instituição californiana cujo departamento de cinema tinha Friedkin como residente, além de Sherry Lansing, ex-CEO da Paramount Pictures e sua esposa desde 1991.
Natural de Chicago, Illinois, Friedkin começou a dirigir documentários e programas televisivos para uma emissora local aos 18 de anos de idade. Aos 3o, ele se mudou para Hollywood e logo produziu Good Times, sua porta de entrada ao mundo glamouroso das estrelas de cinema, em que a dupla Sonny e Cher parodia múltiplas cenas de outros títulos. Depois da empreitada comercial, o cineasta passou a se dedicar à rota autoral que logo o traria sucesso através de filmes como Os Rapazes da Banda, de 1970, e Operação Franca, de 1971, vencedor de 5 troféus do Oscar — incluindo melhor diretor.
Em 1973, porém, Friedkin cavou sua marca no cânone cinematográfico como nunca antes ao lançar O Exorcista, terror dramático baseado no livro de William Peter Blatty, no qual o padre Damien Karras (Jason Miller) é recrutado para expulsar o demônio de dentro da pré-adolescente Regan (Linda Blair), filha da estrela de cinema Chris MacNeil (Ellen Burstyn). Cinquenta anos após a estreia, o filme ainda é considerado por muitos a narrativa mais assustadora a ser capturada por uma câmera, e originou uma franquia diversa adornada por autores como John Boorman e Paul Schrader. Em 12 de outubro, um novo capítulo da história chega aos cinemas: O Exorcista: O Devoto, com direção de David Gordon Green.
Outros títulos dirigidos por Friedkin são O Comboio do Medo (1977) — no qual um quarteto de criminosos é forçado a carregar um lote de nitroglicerina através do relevo montanhoso de uma vila sul-americana — e Parceiros da Noite (1980), estrelado por Al Pacino, suspense baseado na investigação real de um serial killer homofóbico da década de 1970 — à frente de seu tempo, o longa retrata com crueza e simpatia a cena noturna nova-iorquina.
Mais recentemente, o cineasta lançou The Devil and Father Amorth (2017), documentário em que conversa com o homem que inspirou o filme O Exorcista do Papa. Sua obra final, The Caine Mutiny Court-Martial, é um drama naval protagonizado por Kiefer Sutherland e deve estrear no Festival de Veneza, em setembro. Além do legado em película, William Friedkin deixa a esposa e os filhos Jackson e Cedric Friedkin, de 41 e 46 anos, respectivamente.