Em entrevista ao jornal britânico The Sunday Times, o ícone do cinema Morgan Freeman deixou suas opiniões claras sobre a trajetória de sua carreira e o racismo nos Estados Unidos, declarando como “insulto” o termo “afro-americano” e o fato do Mês da História Negra, celebrado em fevereiro no país, ocupar apenas 30 dias do calendário. A conversa foi ao ar no dia 15 de abril e passou pela infância e ascensão do ator, além da relação que ele carrega com questões de raça.
Vencedor do Oscar e parte de mais de 100 filmes, Freeman declarou em 2005 que “o único jeito de acabar com o racismo é não falar sobre ele”. Questionado quanto à fala pela publicação, ele disse “posso afirmar publicamente que não gosto de duas coisas: o Mês da História Negra é um insulto. Você vai relegar a minha história a um mês? Também considero ‘afro-americano’ um xingamento. Não sou adepto a este título”.
“Pessoas negras tiveram diferentes títulos desde a palavra que começa com ‘N’ (calúnia racial mais grave da língua inglesa) e não sei como essas coisas ganham tanta popularidade, mas todos dizem ‘afro-americano’. O que isso significa? A maioria dos negros nessa parte do mundo são miscigenados. Além disso, falam ‘África’ como se fosse um país, e não um continente como a Europa”. Encerrando seu comentário, o ator fez questão de comentar que é comum se referir a “ítalo-americanos”, mas não “euro-americanos”.
Freeman atribui seu sucesso à coragem e sorte, mas também a mudanças no cenário de Hollywood. Segundo o ator, foi a chegada de Sidney Poitier às telas que deu a ideia a jovens como ele de que poderiam atuar — antes disso, “se um negro estivesse em um filme, ele era engraçado”. Sobre Hollywood de agora, ele diz: “LGBTQ, asiáticos, negros, brancos, casamentos e relacionamentos inter-raciais. Estão todos representados. Você agora vê todos eles na tela e isso é um salto enorme.”