A escandalosa fraude em trailer de filme de Coppola: ‘Vacilamos’
Estúdio retira vídeo do ar e pede desculpas após veicular peça de divulgação mentirosa sobre nova produção do cineasta: entenda o caso
O trailer do novo filme de Francis Ford Coppola, Megalopolis, saiu do ar após o estúdio Lionsgate assumir que usou citações falsas de críticos cinematográficos na abertura do vídeo. A ideia era mostrar que o diretor de O Poderoso Chefão sempre foi muito criticado por seus filmes, com argumentos, por vezes, duros de engolir, mas que com o passar dos anos se provavam exagerados, ficando a obra e não as críticas.
O erro, no entanto, foi colocar no trailer de Megalopolis críticas que nunca existiram a filmes clássicos do diretor, de 85 anos, como o já citado O Poderoso Chefão, de 1972, Apocalypse Now, de 1979 e Drácula de Bram Stoker, de 1992. “Lionsgate está imediatamente recolhendo o trailer de Megalopolis“, disse um porta-voz da empresa à revista Variety. “Oferecemos nossas sinceras desculpas aos críticos envolvidos e a Francis Ford Coppola e à American Zoetrope (estúdio do diretor) por esse erro imperdoável em nosso processo de verificação. Nós vacilamos. Sentimos muito.”
Um dos críticos da revista Variety comentou o escândalo. “Mesmo que você seja uma das pessoas que não gostam de críticos, nós dificilmente merecemos que palavras sejam colocadas em nossas bocas”, escreveu Owen Gleiberman.
Sobre o que é o filme
O longa-metragem foi totalmente financiado pelo diretor, custou 120 milhões de dólares e foi exibido no início deste ano no Festival de Cannes, na França. A reportagem de VEJA cobriu o festival, assistiu ao filme e participou de uma entrevista coletiva com o diretor. Apesar de ter sido amplamente aplaudido na sessão de gala — como é de praxe na exibição que conta com a presença do elenco e do diretor –, Megalopolis causou reação adversa entre os críticos. Entre seus pontos positivos estão elementos que atestam a criatividade ainda borbulhante de Coppola, que usa sem receios cenas com quebras de expectativas e reviravoltas embaladas por um ritmo envolvente e uma trama instigante. Por outro lado, o roteiro exagerado e filosófico, o qual sugere que a humanidade está fadada ao fim por culpa do surgimento da civilização, em muitos momentos é raso e usa o histórico romano sem contexto adequado.
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