Não se sabe se teremos um novo ministro, mas tudo indica que sim. Não se sabe – ou pelo menos não sei quem será. Mas o tempo perdido nesses primeiros 100 dias poderá ter sido fatal para a implementação de uma necessária mudança de vetor. O governo deixou-se influenciar por diferentes grupos, e agora enfrenta um verdadeiro dilema – algo do qual não se consegue sair ileso.
Uma hipótese é, no processo de escolha, agradar algum dos grupos – deixando descontentes os demais. Os grupos internos incluem os favoráveis a saídas evangélicas, militares, ideológicas (em baixa). Os grupos externos mais fortes encontram-se no Congresso Nacional e propõem uma saída parlamentar. Os grupos externos mais fortes, bastante coesos e fortes, propõem a continuidade com o governo anterior – como se tudo estivesse perfeito e bastariam levar adiante as medidas já decididas. E sempre há a possibilidade de uma escolha de político – e aí pode acontecer de tudo, inclusive a volta do passado recente. Ou alguma surpresa inesperada.
A outra dificuldade é a governabilidade – só se governa uma máquina como a do MEC se o Ministro tiver experiência, controle e mando sobre sua equipe. A responsabilidade é enorme. Uma casa dividida não subsistirá.
A terceira dificuldade é a falta de um plano. O governo não teve plano para educação na campanha. Nos 100 dias em que está no MEC, não produziu qualquer plano nem demonstrou capacidade e vontade para dialogar. Já o Ministério da Economia está avançando com planos para consertar o país – e esses planos requerem profundas mudanças na forma de conceber o papel do governo federal na educação e no seu financiamento.
A quarta dificuldade é a estrutura do MEC, que não corresponde ao que se espera do Ministério no presente, muito menos em um país com menos Brasília e mais Brasil. A mudança feita no início deste governo complicou mais ainda a situação. Se for para mudar, e para melhor, o novo ministro precisará entrar com a perspectiva de uma nova estrutura, compatível com as poucas boas ideias que surgiram na campanha.
Não será difícil sair dessa enrascada. É pouco provável que o Presidente consiga dar a volta por cima. Em breve veremos.