No inesquecível clássico “Meu tio” (Jacques Tati, 1958), o tio Hulot reage contra o modernismo antisséptico imposto ao seu sobrinho. Se você não viu, veja; se já viu, vale rever. Mais atual, Cascão, personagem de Maurício de Souza, encarna a opção preferencial pela sujeira.
Nem tanto à terra, nem tanto à agua. Estudos mais recentes no campo da microbiologia vêm chegando à conclusão de que o contato com os germes é mais benéfico do que prejudicial. Isso inclui a chupeta que cai no chão e a lambida do cachorrinho no rosto do bebê, mas também brincar no barro e – que saudade! – andar descalço na enxurrada (mas cuidado com cacos de vidros e outros objetos pontiagudos). Viver a vida e experimentar o mundo continua sendo o melhor antídoto contra alergias.
Fugindo dos extremos, lamber a chupeta e devolvê-la à criança estimula a produção de anticorpos – é melhor do que simplesmente pegá-la do chão e colocá-la diretamente na boca da criança. E evitar contato com objetos com alta probabilidade de conter elementos patogênicos – como lixões, esgotos a céu aberto ou UTIs – continua sendo saudável.
Continua valendo também a recomendação de comer legumes, verduras, folhas, ter uma dieta rica em fibras e evitar açúcar. E para os radicais: não deixe de tomar vacinas – elas também estimulam a produção de anticorpos.
Para quem quiser ler mais a respeito desse assunto, aí vai uma dica: o livro The Advantage of Germs for your Child’s Developing Immune System, de Sandra Blakeslle, Jack Gilbert e Rob Knight.