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Por João Batista Oliveira
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Como atrair jovens qualificados para a carreira de professor?

Tratamos anteriormente dos principais desafios para estabelecer um quadro de professores de qualidade. Mas como tornar a carreira atraente?

Por João Batista Oliveira Atualizado em 30 nov 2017, 18h13 - Publicado em 30 nov 2017, 18h10

No post anterior, tratamos dos três principais desafios para estabelecer um quadro de professores de qualidade: jovens talentosos, formação rigorosa nos conteúdos que vão ensinar e estágio probatório adequado. Neste post, abordaremos os desafios de estabelecer uma carreira atraente.

Começamos por uma digressão: o Brasil possui cerca de 2,2 milhões de professores de educação básica. Em um sistema eficiente, precisaria de pouco mais de 1 milhão. Se pensarmos que, em média, uma pessoa fica 30 anos no magistério, estamos falando de uma necessidade de 30 mil professores por ano – para os vários níveis de ensino e diferentes disciplinas. Se concentrasse seus melhores talentos em cinco ou seis escolas regionais de grande porte e excepcional qualidade aferida por padrões internacionais, o país poderia facilmente superar esse desafio. Além disso, poderia – para ganhar tempo – estimular e facilitar o ingresso no magistério de pessoas talentosas já formadas.

Uma segunda digressão ajudará a entender a necessidade de “pensar fora da caixa” para avaliar o tamanho do desafio. Na década de 40, quando foi criado o Sistema S, a indústria brasileira ainda estava começando a surgir. Portanto, seria difícil usar a indústria como local para o treinamento em serviço dos aprendizes. O Sistema S inovou: criou um tipo de escola-oficina em que os professores eram mestres (importados de outros países, na época). Os alunos aprendiam a fazer o certo de maneira certa, e, ao entrarem no trabalho, já sabiam como se comportar. Esse poderia ser um modelo para superar a falta de escolas adequadas para promover “estágio probatório”.

Uma terceira digressão também é essencial: a ideia de carreira para toda a vida pode não ser mais adequada para os tempos atuais e futuros. É difícil esperar que uma pessoa vá permanecer 40 anos ou mais lecionando – muito menos no mesmo nível de ensino. Há necessidade de repensar a ideia de carreira. E, em particular, há necessidade de pensar em carreiras transitórias – em que as pessoas atuam alguns anos no magistério e depois iniciam ou se preparam para novas carreiras.

As três digressões acima devem ser parte do cenário apropriado para estabelecer uma política para atrair jovens qualificados para o magistério. Outros detalhes certamente precisarão ser acertados – mas a diversidade de redes estaduais e municipais no Brasil cria espaço para estimular diferentes modelos. Além disso, seria necessário, em um plano de transição de 15 a 20 anos, estabelecer regras para os atuais professores permanecerem ou migrarem para as novas carreiras.

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Obviamente não se trata de ideias simples nem baratas. Mas certamente o Brasil poderia reduzir significativamente seus custos com o magistério e ainda mais do que duplicar o salário dos professores se adotasse novos modelos para formar e atrair jovens talentosos para a profissão.

O detalhamento das propostas acima não representa maiores desafios. O desafio é lidar com as ideias que prevalecem sobre o tema no Brasil e com o peso do corporativismo existente. Existem precedentes que sugerem caminhos para lidar com situações como estas. Mas eles exigem um forte compromisso com as evidências, além de lideranças competentes para implementar essas mudanças.

Uma das grandes vantagens, no caso brasileiro, é que ideias como essas poderiam ser implementadas localmente por grandes municípios, estados ou consórcios de estados – evitando-se o risco de um modelo único inventado pelo governo federal. Quem sabe algum candidato a presidente ou governador comece a se interessar por sair da mesmice e trilhar novos rumos?

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