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Por João Batista Oliveira
O que as evidências mostram sobre o que funciona de fato na área de Educação? O autor conta com a participação dos leitores para enriquecer esse debate.
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Alfabetização de crianças: fatos e mitos

É necessário contrapor fatos cientificamente comprovados a mitos que vêm entravando o avanço das políticas e práticas de alfabetização no Brasil.

Por João Batista Oliveira 29 abr 2019, 12h17

Mitos da alfabetização – este é o título de uma entrevista realizada recentemente por Priscila Cruz, presidente-executiva no Todos Pela Educação, com Ana Helena Alternfelder (CENPEC) e levada ao ar numa série de programas da TV Futura.   Consistente com o título, o programa efetivamente defende e difunde – como se fossem fatos – os mitos que vêm entravando o avanço das políticas e práticas de alfabetização no Brasil. A importância das pessoas e das instituições envolvidas torna sua responsabilidade ainda maior. Este post contrapõe fatos científicos aos mitos divulgados no referido programa.

Mito 1: A entrevistada repete o mito de que alfabetizar é “não apenas” ensinar o funcionamento do código, “mas também” um punhado de outras coisas. Fato: alfabetizar significa ensinar o funcionamento do código, de maneira que o aluno seja capaz de extrair o som e sentido das palavras. Outras coisas são outras coisas.

Mito 2: Métodos de alfabetização não são relevantes e cita “inúmeras pesquisas realizadas no exterior e no Brasil. Fato: publicações internacionalmente reconhecidas pela comunidade acadêmica internacional reconhecem que os métodos fônicos são mais eficazes do que os demais – e ainda mais eficazes com crianças provenientes de ambientes mais desfavorecidos.

Mito 3: Método não importa, o professor deve conhecer todos e, com base em diagnóstico individual, usar os mais indicados. Fato: se as evidências coletadas pelos cientistas sobre como alfabetizar não são relevantes, o que daria autoridade a um professor para decidir, com base em diagnóstico individual, a respeito de qual seria o método mais eficaz? Vale perguntar: num país em que os professores não atingem o nível 3 do Pisa no teste de Linguagem, e, portanto, não dominam as categorias básicas do pensamento lógico formal, seria esta uma recomendação sensata? Ou apenas demagógica?

Mito 4: A alfabetização “completa” se dá até o final do 3º ano. Fato: dado o nível de transparência do sistema alfabético de escrita da Língua Portuguesa, a alfabetização formal deve ser realizada no 1º ano do ensino fundamental. Não existe qualquer razão científica para adiar esse prazo, e existem muitas evidências sobre os males que faz o atraso nesse processo.

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Mito 5: é preciso capacitar mais os professores, os cursos de pedagogia não levam a alfabetização a sério. Fato: não há qualquer evidência no Brasil a respeito de impacto positivo de cursos de capacitação, em geral, e de capacitação de alfabetizadores, em particular. Os cursos de pedagogia seguem as orientações do MEC, reforçadas, em todos os seus equívocos, pela BNCC – Base Nacional Curricular Comum, e pelas iniciativas do MEC em programas como “Alfabetização na Idade Certa”. Não há qualquer evidência de que isso tenha produzido qualquer resultado positivo.

Aí estão os mitos, que continuam a ser divulgados como se fosse verdades. Aí estão os fatos, que os educadores brasileiros se recusam a aceitar. E os resultados disso todos conhecem – uma educação que não avança.

Se queremos “educação já”, é preciso levar a sério, com objetividade e sem preconceitos, as evidências sobre o que efetivamente funciona.

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