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Por João Batista Oliveira
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A qualidade da pesquisa no Brasil

A grande maioria dos brasileiros matriculados nas nossas “boas universidades” não frequenta ambientes nem convive com pesquisadores e instituições de ponta.

Por João Batista Oliveira 15 fev 2019, 17h50

Na década de 70 do século XX, era comum a expressão “em termos de Brasil” para justificar os esforços de modernização e tentativas de diversos setores de entrarem no então chamado “1º mundo”. Em diversos artigos publicados nesses últimos dias, em vários veículos, o professor, biólogo e pesquisador da UnB Marcelo Hermes Lima apresenta dados sobre a qualidade da produção científica no Brasil e seu impacto internacional. Para quem não é do ramo, os dados são estarrecedores. Para quem é, trata-se de um convite à ação.

A tese central é que, na ciência e na pós-graduação, quantidade não gera qualidade. O modelo de expansão do ensino superior e da pós-graduação – como de resto todo o modelo geral do “avanço” educacional no país – foi baseado na ideia de mais, mais e mais. No caso do ensino superior ainda houve um complicador: o modelo da expansão estava baseado no conceito da “Universidade” como paradigma (único) e no princípio (inscrito na Constituição brasileira) da indissociabilidade entre ensino, pesquisa e extensão. Como consequência, todo professor precisa ter mestrado ou doutorado. Resultado: produção em massa de mestres e doutores.  Mesmo a flexibilização de modelos intermediários de faculdades isoladas e centros universitários ficou marcada pelo formalismo das exigências acadêmicas.

É importante que sejamos orgulhosos de nosso país e de nossos feitos. Inegavelmente temos alguns poucos milhares de pesquisadores e algumas poucas centenas de centros de pesquisa de padrão internacional – o único padrão que serve para avaliar a qualidade da pesquisa. Mas são poucos, muito poucos em relação ao resto do mundo, ao que deveria ser e, sobretudo, ao que precisa ser.

Uma andorinha não faz verão. Não devemos perder o espírito crítico nem o senso do ridículo pelo fato de termos alguns exemplos de sucesso. O ponto de partida é saber que o país não tem nenhuma universidade situada entre as 300 melhores do mundo. E apenas três entre as 500 melhores. Ou seja, a esmagadora maioria dos universitários brasileiros matriculados nas nossas “boas universidades” não frequenta ambientes nem convive com pesquisadores e instituições de ponta. Estamos na caverna de Platão.

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Qualquer nível da educação brasileira padece dos reflexos da política do “mais é melhor”. Mas na universidade, na pesquisa e na pós-graduação, o custo é maior e os danos, muito maiores ainda. Ademais, é aí que se formam as elites – e as nossas sequer têm noção do grau de mediocridade em que convivem. “Em termos de Brasil” não bastar para sobreviver e prosperar no mundo globalizado.

Ao refletir sobre as políticas de expansão do ensino superior no Reino Unido, em meados do século passado, C.P. Snow mostrava sua apreensão sobre os efeitos de um sistema que formava “doctors in all matters and masters in none”. Hora de refletir.

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