Lançado em 2020 nos cinemas, o longa 2 Corações chegou à Netflix sem muita expectativa, mas lidera nesta sexta-feira, 26, a lista de filmes mais assistidos da plataforma. O drama protagonizado por Jacob Elordi, de Euphoria, acompanha dois casais com a vida interligada pelo destino. A história tocante é inspirada no drama real do empresário Jorge Bacardi, herdeiro da tradicional empresa de bebidas alcoólicas que leva o sobrenome da família, e do jovem Christopher Mark Gregory (interpretado por Jacob Elordi), que morreu repentinamente aos 19 anos de idade — o filme, aliás, é baseado no livro All My Tomorrows: A Story of Tragedy, Transplant, and Hope, escrito pelo pai de Chris.
Nascido em Cuba, em 1944, Jorge Bacardi, no filme batizado de Jorge Bolivar, foi diagnosticado com fibrose cística e os médicos cravaram que ele não passaria dos 12 anos de idade. Contrariando as expectativas, chegou à casa dos 40, quando foi informado que o diagnóstico inicial estava errado: Jorge, na verdade, sofria de uma doença congênita chamada discinesia ciliar primária, que causa infecção crônica nas vias aéreas. Com o agravamento do quadro, sua única esperança era um transplante de pulmão.
Enquanto isso, Christopher era um jovem universitário apaixonado. Na produção, ele se envolve com Sam, que na vida real atende pelo nome de Jenn. Como mostra o filme, Chris estava com ela quando desmaiou durante uma reunião na casa de amigos, e foi levado ao hospital. Lá, identificaram o rompimento de um aneurisma que levou o garoto à morte cerebral. Doador de órgãos, ele foi mantido nos aparelhos até que os pais, irmãos e a namorada pudessem se despedir. Depois disso, seus órgãos foram doados para cinco pessoas, entre eles Jorge Bacardi, que recebeu os pulmões do garoto em 2008, aos 64 anos de idade.
Bacardi se recuperou rapidamente e deixou o hospital alguns dias depois, experimentado uma respiração completa pela primeira vez na vida. Com isso, ele e a esposa, Leslie, que era comissária de bordo e conheceu Jorge durante um voo, exatamente como no filme, começaram a pensar em formas de homenagear o doador, que apelidaram de Gabriel por causa do arcanjo bíblico. Quando descobriram a verdadeira identidade do garoto, em 2009, o casal se encontrou com a família de Chris, e fundaram uma instituição chamada Gabriel House of Care, em homenagem a ele. Com os pulmões transplantados, Jorge viveu até os 76 anos, e participou da produção do filme ao lado da esposa. Ele faleceu em 2020, poucos meses antes do longa de ser lançado.