A declaração incisiva do ministro Sergio Moro sobre a atuação da polícia de São Paulo no caso de Paraisópolis, dizendo que teria havido “um erro operacional grave” na invasão da favela que resultou na morte de nove jovens, mexeu com o governador João Doria. Publicamente, não acusou o golpe, mas no privado procurou o ministro para contra-argumentar.
Doria telefonou para Moro e ponderou que as declarações dele foram injustas, pois na visão do governador teriam soado como críticas à polícia como um todo e não apenas aos policiais que atuaram no local. Sergio Moro admitiu que poderia ter sido mais específico e desculpou-se. O selo de paz ficou entre os dois. Moro não fez o reparo em público nem Doria assim exigiu.
Só para lembrar: quando as relações entre Moro e o presidente Jair Bolsonaro pareceram estremecidas, João Doria declarou que, se saísse do ministério, o ex-juiz teria abrigo certo no secretariado do governo de São Paulo.
O pano quente de Doria tem dois motivos: além da admiração pessoal dele por Moro, o governador, candidato em preparação para 2022, não quer atrito com o ministro mais popular do governo e certamente um “player” importante na próxima eleição presidencial.