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Diário da Vacina

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A repórter Laryssa Borges, de VEJA, relata sua participação em uma das mais importantes experiências científicas da atualidade: a busca da vacina contra o coronavírus. Laryssa é voluntária inscrita no programa de testagem do imunizante produzido pelo laboratório Janssen-Cilag, braço farmacêutico da Johnson & Johnson.
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O que (ainda) não sabemos sobre a vacina

Aprendemos muito nas últimas semanas de pandemia, mas existem outras inúmeras perguntas por ora sem respostas

Por Laryssa Borges Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO 13 dez 2020, 12h10
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  • 13 de dezembro, 8h03: Faltam pouco mais de 48 horas para eu retornar à clínica onde recebi, ainda em novembro, uma dose da vacina experimental da Janssen-Cilag. Na tarde de terça-feira serei submetida a novos testes de sangue para detectar se já desenvolvi anticorpos contra a Covid-19 ou se, para azar meu, nada mudou e corro o risco de ter tomado placebo. Como voluntária em uma pesquisa científica em busca de um imunizante contra o novo coronavírus, assumi compromissos com os cientistas, como deixar que coletem 52,5 mililitros de sangue (cerca de quatro colheres de sopa) e utilizem essas informações também para pesquisas genéticas futuras – todas relacionadas à Covid.

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    Aprendemos muito nas últimas semanas de pandemia, e vacinas já estão sendo aplicadas em pessoas no Reino Unido, Rússia, China e, em breve, nos Estados Unidos. Mas existem outras inúmeras perguntas que, por ora, estão sem respostas. Vamos a algumas delas:

    1. A proteção das vacinas: Quando um imunizante anuncia a taxa de eficácia (acima dos 90% nos casos da Sputnik V, Pfizer e Moderna), isso significa que os pesquisadores atingiram um número estatístico (chamei de número mágico no Diário) para mostrar que a vacina é segura e funciona, mas não se sabe por quanto tempo o antígeno garante a imunização. Muitas das pesquisas em busca de vacina se contentam em conseguir que o produto pelo menos diminua a gravidade da doença, e não necessariamente previna que a pessoa seja infectada pelo novo coronavírus.
    2. Idosos e indígenas: Quando recebi a dose de vacina experimental em novembro, uma das perguntas que me fizeram era se morava em uma aldeia. Motivo: os cientistas ainda não sabem, por exemplo, se a população indígena consegue a mesma taxa de proteção que outras populações. Eles buscavam grande variedade de voluntários, inclusive indígenas, para medir isso. Outro grupo alvo de atenção especial são os idosos e, neste ponto, mais dúvidas: a vacina do consórcio Oxford/AstraZeneca, por exemplo, não conseguiu atestar ainda se o imunizante que desenvolveu é eficaz em outro grupo, o dos idosos.
    3. Tempo de imunização: O Ministério da Saúde confirmou há poucos dias o primeiro caso de reinfecção pelo coronavírus no país. Outras pessoas estão sendo monitoradas para se tentar confirmar se contraíram o vírus mais de uma vez. A dúvida é saber por quanto tempo os anticorpos desenvolvidos por um paciente que teve Covid protegem a pessoa de novos contágios. Como voluntária, serei acompanhada por uma equipe médica por um ano para que eles verifiquem até onde vai minha proteção pós-vacina.
    4. Transmissão por vacinados: Como escrevi no blog, Oxford/AstraZeneca, Pfizer e Moderna elencaram a hipótese de pessoas vacinadas terem imunidade contra o coronavírus e ainda assim possuírem carga viral suficiente para transmitirem a doença. O motivo de isso eventualmente acontecer ainda é um mistério.
    5. Crianças e adolescentes: As vacinas experimentais cujas pesquisas estão em desenvolvimento no Brasil (Oxford, Janssen, CoronaVac e Pfizer) recrutaram voluntários a partir de 18 anos, mas crianças e adolescentes, que são importantes vetores da doença, ainda não foram alvo de estudos aprofundados. Por enquanto nenhum dos dois grupos serão vacinados, apesar de representarem cerca de 25% da população brasileira.
    6. Grávidas: “Se você engravidar terá de interromper o estudo em busca da vacina”, me disse o pesquisador do ensaio da Janssen no dia que iria receber a minha dose do imunizante em teste. A razão da ressalva é porque não existem estudos suficientes que descartem riscos ao feto e tampouco se sabe se anticorpos que a mãe desenvolva contra a Covid podem ser repassados para o bebê. A vacina da Pfizer, por exemplo, não recomenda que mulheres grávidas tomem o antígeno e nem que engravidem logo após receberem a dose.
    7. Risco mínimo de a vacina agravar a doença: “Há uma pequena possibilidade de você apresentar um efeito adverso à vacina ou de a vacina agravar a sua doença, caso você contraia a Covid-19”. O alerta está no Termo de Consentimento Livre e Esclarecido, documento que reúne o passo a passo da jornada do voluntário, e existe porque em pesquisas científicas passadas não relacionadas à Covid-19 houve casos de vacinados que depois de infectados pelo organismo causador da doença tiveram piora no quadro clínico. Não se sabe se isso vai acontecer agora também.
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