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Diário da Vacina

Por Laryssa Borges Materia seguir SEGUIR Seguindo Materia SEGUINDO
A repórter Laryssa Borges, de VEJA, relata sua participação em uma das mais importantes experiências científicas da atualidade: a busca da vacina contra o coronavírus. Laryssa é voluntária inscrita no programa de testagem do imunizante produzido pelo laboratório Janssen-Cilag, braço farmacêutico da Johnson & Johnson.
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Dilema do voluntário: fazer o teste para saber logo se a vacina fez efeito

Pacientes que receberam a vacina verdadeira na fase experimental provavelmente já desenvolveram anticorpos contra a Covid-19

Por Laryssa Borges Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 30 dez 2020, 10h59 - Publicado em 30 dez 2020, 08h31

29 de dezembro, 17h17: Imagine poder tomar uma vacina contra a Covid-19 e desenvolver anticorpos enquanto o Brasil enfrenta uma segunda onda de irresponsabilidade, de praias cheias e de festas de jogador de futebol. Isso pode ter acontecido comigo ao receber o imunizante experimental da Johnson & Johnson em 17 de novembro. Isso pode ter acontecido com dezenas de milhares de voluntários que, assim como eu, se dispuseram a testar vacinas em desenvolvimento contra o novo coronavírus. Se não tivermos sido sorteados para compor os 50% que formam o grupo do placebo e recebem uma ampola de soro fisiológico, muito provavelmente nosso corpo já produziu uma resposta imunológica ao entrar em contato com a fórmula da Janssen-Cilag, no caso um vírus atenuado de resfriado comum misturado com a espícula do corona.

No documento que os voluntários assinam ao se comprometerem a participar do estudo clínico, chamado de Termo de Consentimento Livre e Esclarecido, há o registro de que os anticorpos podem ter sido produzidos caso o paciente tenha recebido a vacina e, por isso, os pesquisadores recomendam que não caiamos na tentação de procurar um laboratório e fazer o exame sorológico para ver se tudo deu certo. Eu não sucumbi ainda, mas não é fácil.

Na segunda-feira, 28, conversei com um voluntário que resolveu fazer o teste para ver mesmo se a vacina da Janssen o havia imunizado. A esposa também é voluntária e havia tido reações adversas como forte dor de cabeça, diarreia, fraqueza muscular e falta de disposição após receber a dose. Testada, viu que era placebo – e, depois, descobriu que todos os efeitos colaterais, na verdade, eram fruto de uma infecção alimentar severa. Ele, que sentiu um leve resfriado por três semanas depois de ter recebido a injeção no braço, tomou uma vacina verdadeira e conseguiu desenvolver anticorpos. Por temer ser banido do estudo clínico, pediu que seu nome não fosse revelado neste relato.

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Funcionário público, ele decidiu ser voluntário por duas razões principais: receber logo a vacina e ajudar a desenvolver o imunizante o mais rápido possível. O casal também é portador de comorbidades que podem agravar o quadro clínico diante de infecção pelo novo coronavírus.

Dezoito dias após o casal ter recebido a vacina experimental em Brasília, o voluntário teve bom índice de anticorpos IgG: 20,5 UA/mL. Acima de 15,0 UA/mL é considerado que a pessoa tem anticorpos reagentes. Os anticorpos IgM são produzidos pouco tempo após a infecção, enquanto IgG são produzidos após um tempo maior, o que pode indicar que o paciente tenha mesmo recebido a vacina verdadeira quando se apresentou como voluntário. “Fiquei eufórico e feliz por mim. Sei que muitas pessoas nem ligam para essa doença. Esse não é meu caso. Saber que a vacina funciona foi uma dádiva: quando li o resultado do exame, senti que recuperei minha vida. Espero que todos possam ter a vacina o quanto antes”, disse ele ao blog.

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