Brasileiros devem tomar CoronaVac ou esperar uma de eficácia maior?
Além de reduzir em 50,38% a chance de desenvolver a Covid-19, a vacina diminui em 78% a possibilidade de se precisar de atendimento médico ou ambulatorial
![.Anvisa decide sobre uso emergencial da Coronavac e da vacina da Oxford](https://veja.abril.com.br/wp-content/uploads/2021/01/GettyImages-1229946545.jpg?quality=90&strip=info&w=1280&h=720&crop=1)
25 de janeiro, 10h34: O desvirtuamento da discussão sobre as vacinas, com foco na eficácia do produto em detrimento de uma ampla campanha de conscientização sobre a importância de se imunizar, levou à insólita situação em que brasileiros começam a se questionar se vale mesmo a pena tomar a CoronaVac. Os motivos para o pé atrás em relação ao imunizante produzido pelo Instituto Butantan são a eficácia de 50,38% e o desenvolvimento do fármaco pelo laboratório chinês Sinovac. Como voluntária em busca da um fármaco contra o novo coronavírus, já ouvi de tudo: “O Dimas Covas é confiável?”, “Não é melhor termos mais estudos antes de tomar a vacina chinesa?”, “Não é melhor confiar na da Oxford?”. Em todos os casos, as pessoas têm encampado um perigoso negacionismo da vacina e uma politização extrema na pandemia.
Autoridades públicas, como mostrou o blog, têm seu quinhão de (ir)responsabilidade ao fomentar movimentos antivacina e colocar em xeque a credibilidade da ciência, mas todos devemos recordar diariamente que a vacinação é uma medida coletiva – e não individual – de proteção. E o caminho mais certeiro para começarmos a sair do caos sanitário instalado no país. Por isso, sim, você deve tomar a CoronaVac assim que chegar a sua vez na fila de vacinação. Além de reduzir em 50,38% a chance de desenvolver a Covid-19, ela diminui consideravelmente (78%) a possibilidade de um infectado precisar de atendimento médico ou ambulatorial.
“Há uma epidemia de uma doença sem imunidade anterior e que precisa ser controlada com base na imunidade. O único jeito de conseguirmos um cenário sem confinamento físico e fechamento de comércio é quando a população tiver imunidade. E o único caminho para isso é a vacina”, disse ao blog o médico e advogado sanitarista Daniel Dourado. “A vacina não é um medicamento em que o sujeito vai lá, toma e está garantido. Só faz sentido se for coletivo”, completa.
Para Dourado, o ponto crucial de termos (imprensa e laboratórios) focado tanto na eficácia da vacina anti-Covid disponível no mercado é agora o paciente considerar que talvez valha a pena esperar até conseguir um imunizante supostamente mais potente. “Não faz sentido falar que uma vacina tem 50%, 70% de eficácia porque induz a pessoa a aguardar por uma vacina supostamente melhor. Ficar falando de percentuais de eficácia cria na cabeça da população uma confusão, como está acontecendo agora com a CoronaVac, com pessoas achando que 50% é muito pouco, quando não é”, afirma.
Até o momento, o estoque vacinal do Brasil é limitadíssimo: pouco mais de 10 milhões de doses da CoronaVac e 2 milhões de ampolas da Covishield, desenvolvida pela Universidade de Oxford em parceria com a anglo-sueca AstraZeneca. Por isso, não desperdice a oportunidade de, se convocado, receber suas duas doses. Não há crença política que o proteja de se infectar com o vírus que já matou 217.037 brasileiros.
10h46: O Instituto Brasil de Pesquisa Clínica (IBPClin) telefona para confirmar que nesta terça-feira, 26, tenho um encontro marcado com o estudo científico de desenvolvimento da vacina da Johnson & Johnson contra a Covid-19. Mais uma vez farei testes de sangue para saber se desenvolvi e mantenho anticorpos contra o vírus. O ensaio clínico ainda está na fase de duplo-cego, o que significa que nem eu nem a equipe médica, sabemos se recebi uma dose da vacina verdadeira ou de um placebo quando comecei como voluntária, no dia 17 de novembro.