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Crônicas de Peso

Por Cid Pitombo Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO
O cirurgião bariátrico e pesquisador na área de obesidade Cid Pitombo reflete, em seus textos, sobre alimentação, movimento, ganho... e perda de peso
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A Lebre e a Tartaruga: uma fábula com lições sobre a obesidade

Busca por atalhos na perda de peso não raro leva a desequilíbrios que resultam no retorno dos quilos perdidos. Tratamento deve se pautar pela constância

Por Cid Pitombo
14 out 2024, 17h00
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  • Homem com sobrepeso
    Obesidade: a doença é crônica; o tratamento também (Foto: Stockbyte/Thinkstock/VEJA)

    O famoso conto da Lebre e da Tartaruga parece permear a maneira como encaramos e tratamos a obesidade hoje. Só que, na história da vida real, os personagens – um tanto humanos – seguem uma difícil trilha que percorre uma imensa floresta de alimentos, hábitos, condições genéticas, psicológicas e até financeiras.

    É preciso esclarecer de vez que a obesidade é uma doença marcada por falhas fisiológicas e metabólicas que levam ao ganho de peso. O caminho do tratamento, por si só, pode ser muito difícil. O trajeto é longo e com pedras pelo caminho.

    Os pacientes podem sentir medo, frustração, dor, tristeza… E esse percurso é único. Ainda que comam a mesma quantidade e tipo de comida e gastem calorias depois, pessoas com obesidade tendem a acumular mais gordura. Não são preguiçosas ou desleixadas. Como já dito, trata-se de uma doença.

    E essa doença se instala, na maioria das vezes, de forma lenta. Há os que se conscientizam e escolhem o tratamento. Mas há também aqueles que abrem mão dessa opção – o que, do ponto de vista da saúde, está longe de ser a melhor escolha.

    Todo esse processo de ganho de peso e adoecimento é vagaroso: vêm os quilos a mais e, com eles, doenças associadas, bem como tratamentos que nem sempre surtem a resposta esperada. Com frequência, a busca pela terapia é tardia!

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    Como médico, entendo essa demora, pois não é fácil viver num contexto em que ninguém te compreende. A doença leva a estigmas, preconceitos, decepções e falta de alternativas. O desafio para mudar passa pelo estímulo que o indivíduo terá para começar a se cuidar.

    Este é o início da corrida. E o paciente deve estar (e ser) preparado. A busca pelo tratamento tem o momento certo e leva tempo. Para se tornar leve, a melhor opção não é ser uma lebre. Se a doença é crônica, para vencê-la é melhor andar de forma lenta e contínua como uma tartaruga.

    Tem que ter paciência e resiliência. Qualquer opção de tratamento, seja com novos hábitos, medicamentos ou cirurgia, envolve um caminho lento, gradual e de eterna vigília. Pois essa trilha tem diversas armadilhas, com medos, vontades, tentações, decepções.

    Mas oferece prêmios também: saúde, vigor, mobilidade, autoestima e longevidade. Tudo que está conosco por muito tempo exige longa dedicação e administração. Vale para o amor, vale para o cuidado com o corpo. Tudo que leva tempo envolve sentimento e disciplina. Cuidamos do que amamos – ou pelo menos deveríamos.

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    Cada paciente com obesidade tem uma história, uma trajetória. Não há como padronizar: a solução é individualizar sempre. As cirurgias e a nova classe de medicamentos nos tornam lebres. A perda de peso impressiona com sua rapidez, nos sentimos superiores à doença e com isso, de tempos em tempos, descansamos na sombra. E aí reside o perigo: esquecemos que a corrida continua.

    Então, devemos agradecer aos recursos da medicina que permitem tornar essa jornada mais efetiva. Mas devemos encarar a obesidade como tartarugas – sim, esses animais fascinantes, calmos e longevos. Pois, com passos lentos e constantes, podemos cruzar uma linha de chegada que, na verdade, está lá no fim da vida. Isso mesmo: vida!

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