Assine VEJA por R$2,00/semana
Coluna da Lucilia Por Lucilia Diniz Um espaço para discutir bem estar, alimentação saudável e inovação
Continua após publicidade

Ode ao tomate

Alimento nosso de cada dia, o fruto é um pop latino

Por Lucilia Diniz Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO 13 Maio 2022, 06h00
  • Seguir materia Seguindo materia
  • Fico triste em ver o tomate no papel de grande vilão da alta dos preços. O tomate deveria estar sempre nas páginas da imprensa dedicadas à gastronomia, não em meio a assuntos econômicos. Sabemos que o preço subiu devido a uma combinação perversa de fatores climáticos e redução da área de plantio, mas não quero entrar no mérito da questão. Interessa-me o tomate enquanto ingrediente versátil na cozinha, protagonista de molhos sofisticados e simples saladas, coadjuvante valoroso de uma infinidade de receitas, presença enriquecedora em sopas tropicais e ratatouilles provençais.

    Publicidade

    Sou suspeita para falar do tomate. Adoro o fruto — e o meu marido, Luiz, não fica atrás. Comemos tomates todos os dias, de todas as formas, a começar pelo café da manhã. Café da manhã? Sim, experimente ralar um tomate sobre a torrada, ou levá-lo à grelha fatiado. Se eu disser que não vivemos sem tomate, você vai achar que estou exagerando. Bem, só um pouquinho, talvez, mas aqui em casa o tomate será sempre tratado com a reverência devida, como o tomate nosso de cada dia. Estamos na boa companhia de Pablo Neruda, que dedicou uma ode ao tomate. Com água na boca, ele o visualiza repousado em travessas, como dois hemisférios entreabertos, sobre os quais adiciona o azeite, “filho essencial da oliveira”; a pimenta, que lhe ressalta a fragrância; e o sal, que salienta seu magnetismo.

    Publicidade

    “Seu gosto tem origem numa reação química — entre enzimas nas células e moléculas fora delas”

    O poeta tem razão. Tomates adquirem sabor próprio depois de cortados, em duas metades, como descreve, ou em outras formas. A explicação é que seu gosto tem origem numa reação química — entre enzimas dentro das células e moléculas fora delas — que só ocorre quando a fruta é partida e ela entra em contato com o oxigênio. Quanto maior o corte, mais saboroso ele fica. Aprendi isso há vinte anos num seminário em Nice, na França, com Hervé This, cientista que inspirou toda uma geração de cozinheiros moleculares, como Ferran Adrià, mestre de todos eles. E nunca mais esqueci.

    Publicidade
    Continua após a publicidade

    Coma tomates. Assados, grelhados, em fatias, regados no azeite, só com uma pitada de sal, no molho do macarrão, na cobertura da pizza. Coma tomates sem moderação. E sem culpa também — em cada 100 gramas de tomate há apenas 14 calorias. Como se tudo isso não bastasse, o tomate ainda faz muito bem à saúde. O fruto — sim, fruto, não legume — é rico em licopeno, um antioxidante natural com grande capacidade de controlar a ação dos radicais livres em nosso organismo. O efeito sobre a pele é surpreendente, produz mais viço do que hidratantes. Mais importante, o antioxidante também fortalece o sistema imunológico e tem função auxiliar na prevenção de alguns tipos de câncer. Ao comer um tomate também estamos ingerindo vitaminas, potássio e cálcio. É mais que um fruto — é uma farmácia.

    O tomate é tão mediterrâneo que muita gente acha que é oriundo da costa ensolarada da Europa. Mas não, o tomate é latino-americano. Foi para lá séculos atrás levado pelos colonizadores em contato com as civilizações asteca e maia. Hoje o tomate é universal, e muito brasileiro. Por aqui seu cultivo achou as condições perfeitas para se desenvolver. Aqui, como diz o poeta, o tomate “nos dá o presente / de sua cor de fogo / e a totalidade de seu frescor”.

    Publicidade

    Publicado em VEJA de 18 de maio de 2022, edição nº 2789

    Publicidade
    Publicidade

    Matéria exclusiva para assinantes. Faça seu login

    Este usuário não possui direito de acesso neste conteúdo. Para mudar de conta, faça seu login

    Domine o fato. Confie na fonte.

    10 grandes marcas em uma única assinatura digital

    MELHOR
    OFERTA

    Digital Completo
    Digital Completo

    Acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

    a partir de R$ 2,00/semana*

    ou
    Impressa + Digital
    Impressa + Digital

    Receba Veja impressa e tenha acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

    a partir de R$ 39,90/mês

    *Acesso ilimitado ao site e edições digitais de todos os títulos Abril, ao acervo completo de Veja e Quatro Rodas e todas as edições dos últimos 7 anos de Claudia, Superinteressante, VC S/A, Você RH e Veja Saúde, incluindo edições especiais e históricas no app.
    *Pagamento único anual de R$96, equivalente a R$2 por semana.

    PARABÉNS! Você já pode ler essa matéria grátis.
    Fechar

    Não vá embora sem ler essa matéria!
    Assista um anúncio e leia grátis
    CLIQUE AQUI.