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Por Lucilia Diniz
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Comida dos deuses?

As delícias que parecem cair do céu nas propagandas apostam no apetite do olhar

Por Lucília Diniz
10 mar 2022, 19h12

Todos sabem que sou uma severa defensora da boa alimentação – o que significa estar atenta para qualquer sinal de exagero. Mas, cá entre nós, preciso admitir que muitas vezes me pego com água na boca depois de assistir a anúncios de certos alimentos – alguns nem tão saudáveis –, mesmo tendo acabado de almoçar ou jantar.

O traço comum entre eles é que, frequentemente, os ingredientes ou os quitutes já prontos caem do céu. De repente, surgem na minha frente, como que vindos do alto, desafiando a gravidade, um hambúrguer, alface, fatias de queijo e pedaços de tomate; morangos nada silvestres, muito delicados; tortas de maçãs capazes de apagar a ideia de frutos (e doces) proibidos: espaguetes num balé extraordinário; pizza que irão pousar na mesa como discos voadores; bebidas em ondas suaves e refrescantes. Tudo isso em câmara lenta, a leveza vencendo o que é mais pesado. Difícil resistir.

Pois a intenção é essa mesmo. E há técnicas impressionantes para que fotografias e filmes provoquem o que é definido como appetite appeal, de modo que a imagem desperte sensações e até lembranças prontas para fazer salivar quem se depara com ela.

Essa forma provocante e atraente de apresentar visualmente a comida na publicidade, para que estimule um imediato desejo de consumo, recebeu, há alguns anos, o nome de Food Porn. E “porn”, aqui, nada tem de imoral: diz respeito à sensação que as imagens provocam, estimulando e abrindo o apetite das pessoas, dando a elas a vontade de comer o que aparece diante dos seus olhos.

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Acredito que, atualmente, são as redes sociais que mais nos provocam com vídeos e fotos de pratos magníficos, lanches suculentos, tortas que acendem todos os nossos sentidos. Para não ceder ao instinto de sair correndo atrás daquelas delícias, aceite esta dica que, invariavelmente, dá certo: pense em como as fotos e os vídeos foram feitos. Por quê? Simples: as propagandas costumam usar muitos truques para alcançar os efeitos desejados. São gelos de plásticos e spray de glicerina formando falsas gotículas geladas nos copos com algum tipo de anilina e água; sabão misturado à cerveja para aumentar o colarinho; gloss para deixar as frutas mais vermelhinhas, creme de barbear no lugar do chantilly, uma cera que as deixa mais brilhantes, à espera de nossa mordida – imaginária, vá lá, em um primeiro momento, porém com chances concretas de se tornar realidade.

A esta altura você poderia me falar: “Ok, Lucília, entendido. Agora, por que é tão comum que nos anúncios todos esses alimentos irresistíveis parecem estar vindo dos céus?” Tirando o apelo estético em si, é possível que, de maneira inconsciente, o fascínio despertado pela imagem de alimentos que vêm do alto esteja relacionado às religiões. A associação mais direta que me passa pela cabeça é o relato bíblico do maná – o alimento que Deus teria enviado aos israelitas durante a travessia do deserto.

Fotografar e filmar alimentos é uma arte que exige experiência e custa caro, até porque, nos últimos tempos, vem lançando mão de tecnologias bastante sofisticadas, incluindo a Inteligência Artificial. Tenho a maior admiração pelos profissionais dessa área, que atuam em parceria com os publicitários. E longe de mim desprezar a sabedoria popular de que também se come com os olhos. Mas lembre-se: o real não é só mais saboroso que o virtual. Ele é também mais verdadeiro.

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