Valdemar Costa Neto é presidente do partido que hoje possui a maior bancada do Congresso que deu legenda ao agora ex-presidente Jair Bolsonaro. O cargo, por si só, já lhe imputa responsabilidade. Uma responsabilidade com a Constituição e com a democracia que permitiu eleger cada um dos parlamentares, prefeitos e governadores de seu partido. Mas Valdemar, protagonista histórico de escândalos de corrupção que afligiram o Brasil, trata o golpismo com absoluta naturalidade.
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Para o dirigente partidário, qualquer um no entorno de Bolsonaro, atual grande estrela de seu partido, tinha em casa algum pedaço de papel cujo objetivo era evitar a qualquer custo a posse do presidente Luiz Inácio Lula da Silva e desrespeitar a Constituição. “Aquela proposta que tinha na casa do ministro da Justiça, isso tinha na casa de todo mundo. Muita gente chegou pra mim agora e falou: ‘Pô, você sabe que eu tinha um papel parecido com aquele lá em casa. Imagina se pegam”, disse, em entrevista à repórter Jussara Soares, de O Globo, em referência à minuta encontrada na casa do ex-ministro Anderson Torres.
Valdemar trata do assunto com a maior naturalidade. Jura que ele próprio e Bolsonaro não bancaram tais ideias. O ex-presidente, segundo ele, “não quis fazer nada fora da lei”. Mas a entrevista expõe com uma limpidez cristalina como não havia ali uma alma sequer empenhada em desautorizar o golpismo institucionalizado no entorno do presidente. Valdemar chega ao ponto de dizer que, quando lhe eram apresentadas sugestões, mandava “pôr no papel”.
O mais curioso é que esta foi a forma encontrada por Valdemar Costa Neto para defender Bolsonaro. Mas não é qualquer um que tem acesso livre ao presidente de um dos partidos mais importantes do País, muito menos a um presidente da República. E não é mistério para ninguém o quanto Bolsonaro – em discursos, declarações e atitudes – agiu com o intuito de fortalecer tal movimento.
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