O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, correu contra o relógio para entregar a proposta da nova âncora fiscal antes da próxima reunião do Comitê de Política Monetária do Banco Central, na esperança de pavimentar uma redução da taxa de juros. O ministro acreditava que, se o governo fizesse a lição de casa, o BC acenaria positivamente com uma queda de 0,25 na Selic na reunião desta semana. Mas os sinais até o momento trazem poucos motivos para otimismo.
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Parte significativa desse quadro se deve ao próprio governo. Para começo de conversa, o martelo ainda não foi batido sobre o novo arcabouço fiscal. A reunião do Copom se inicia amanhã, o que torna o prazo bem apertado, mesmo que a proposta seja divulgada antes de encerrado o encontro, na quarta-feira. Mas, aparentemente, falta o aval da chamada ala política do governo.
Haddad tinha – ou ainda tem – esperanças de um trâmite rápido dentro do governo. Afinal, o ministro já havia conseguido o aval prévio da ministra do Planejamento, Simone Tebet, e do vice Geraldo Alckmin, antes de levar o projeto ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva, na última sexta-feira.
Segundo o jornal Valor Econômico, o ministro da Casa Civil, Rui Costa, ainda não se manifestou. Quer se reunir com sua equipe para avaliar o novo arcabouço fiscal, o que está previsto para acontecer nesta segunda-feira. E não é de hoje que Haddad e Rui Costa se estranham nos bastidores. Foi assim também na negociação sobre a reoneração do preço dos combustíveis, uma batalha que Haddad custou para vencer.
Mas parte do cenário se deve a fatores que estão longe do alcance do ministro da Fazenda. A situação econômica internacional não é das melhores. E, ainda por cima, a semana passada foi tensa no mercado bancário mundial. Com isso, as expectativas do mercado, ainda segundo o Valor, não são nada otimistas. É praticamente unânime a expectativa de que a taxa Selic será mantida em 13,75% na reunião desta semana. O jornal ouviu 112 casas de investimentos. Só uma aposta em uma queda de 0,25.
Pode até ser que o Copom traga alguma surpresa no meio do caminho. Se optar por uma redução na taxa básica de juros ou mesmo se apenas indicar a possibilidade de uma redução futura, o mérito será do ministro da Fazenda. Afinal, a única coisa que justificaria esse movimento no cenário atual seria uma satisfação do BC com a nova âncora fiscal.
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