A poucos dias do 7 de setembro, aliados do presidente Jair Bolsonaro ainda custam a dizer qual tom ele deverá seguir nas manifestações convocadas para o feriado da Independência. Depois da repercussão negativa da participação dele no primeiro debate presidencial, marcada por agressões a jornalistas e a adversários, ganhava força nos bastidores a tese de que Bolsonaro poderia baixar o tom. Mas, eis que, no fim de semana, Bolsonaro chamou Alexandre de Moraes de “vagabundo”.
A nova escalada dos ataques ao ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) serve de sinal do que pode vir pela frente na quarta-feira. Nas últimas semanas, não foram poucas as ocasiões em que Bolsonaro até concordou com seus conselheiros que o ideal era optar por um discurso mais ameno, para não alimentar sua rejeição em alguns setores do eleitorado. Mas, no fim do dia, Bolsonaro faz o que quer.
No fim de semana, aliados do presidente também amenizaram as falas a respeito dos atos marcados para quarta-feira. Nas redes sociais, muitos deles aproveitaram o fim de semana para se engajar em críticas a pesquisas de intenção de voto, na esteira do resultado do plebiscito no Chile, em que a população rejeitou por maioria uma nova Constituição, apoiada por Gabriel Boric. Alguns, como a deputada Carla Zambelli (PL-SP), reproduziram convocações para os atos. Mas sem atacar o Supremo ou o sistema eleitoral.
Mas, se depender das expectativas do time adversário, Bolsonaro virá para o 7 de setembro armado com fogo pesado. A campanha do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva acredita que o presidente vai para o tudo ou nada. Encaram a data como uma de suas últimas fichas para aumentar sua popularidade antes da ida às urnas. Na avaliação de conselheiros de Lula, é uma aposta arriscada. Mas que pode render frutos para a campanha do presidente. Desde que Bolsonaro não passe da conta.