O Congresso sabe bem que a aprovação da PEC da Transição é crucial para o governo do presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva. O passo das negociações para a votação da proposta só evidencia o que já se sabia desde antes da eleição: Lula não vai ter vida fácil para montar uma base de apoio. Imagine então conseguir um cheque em branco sem prazo definido para bancar o Bolsa Família, maior bandeira eleitoral de seus governos.
É muito mais interessante para o Congresso – mesmo para partidos aliados – obrigar o governo a negociar a cada ano uma nova licença para gastar. Lula ainda tem algumas opções para destravar as conversas. Poderia, por exemplo, anunciar alguns ministérios para ver se a coisa anda. Mas, se o fizer, o presidente eleito corre o risco de passar os dias que lhe restam antes da posse sendo pressionado a dividir o bolo com a faca no pescoço.
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