Indicado para o cargo há pouco mais de um ano, o ministro das Comunicações Fábio Faria diz ter conseguido, em 14 meses, colocar de pé o leilão de 5G, avançar na privatização dos Correios, abrir a comunicação institucional e reformular a política de publicidade governamental. De olho na disputa do Senado no ano que vem, o deputado de quarto mandato minimizou a perda de popularidade do presidente Jair Bolsonaro, as polêmicas protagonizadas por ele e os sucessivos embates com a mídia. E reforçou que seguirá com ele em 2022.
Convidado desta semana do Amarelas On Air, programa de entrevistas de VEJA apresentado por esta colunista, o ministro admitiu que o presidente ainda vive um “embate” com a mídia tradicional. Mas ressaltou que, diferentemente do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, Bolsonaro não endossa a regulação dos meios de comunicação.
“Ele tem um embate com a mídia. Isso é claro. Ele se elegeu assim e continua tendo. Agora, eu sou o ministro da pasta das Comunicações. E ele nunca chegou para mim para dizer algo sobre regular a mídia, por exemplo. Enquanto o ex-presidente Lula tem falado reiteradas vezes”, afirmou Faria. “É uma pena falar em regular a mídia em 2021. Mas isso não vai ocorrer. Porque o vento que sopra em 2022, eu acredito, ainda tem uma ressaca muito grande do PT.”
Para o ministro, o ex-presidente Lula hoje ainda está “descolado” de seu partido. Mas, na medida em que a campanha avançar, sua imagem voltará a ser associada à legenda e ao governo da ex-presidente Dilma Rousseff, que, segundo ele, hoje estão “escondidos”.
Sobre o embate entre Bolsonaro e a mídia, Faria diz que o presidente vive sob ataque e, muitas vezes, é mal interpretado. Ele citou como exemplo o discurso a respeito da vacinação contra a Covid-19. De acordo com o ministro, Bolsonaro não é contrário à vacina, apenas defende que os que não querem tomá-la tenham esse direito. “Ele acorda já com 100 noticias de todos os lados contra ele. É muito forte”, afirmou. “Eu vejo muito que ele (Bolsonaro) é incompreendido. Quando a gente olha o Bolsonaro que a gente conhece todos os dias e quando a gente olha o Bolsonaro que a gente lê, uma pessoa não tem nada a ver com a outra.”
Chegada do 5G
Mantendo a previsão de levar o 5G para as capitais brasileiras até o ano que vem, Faria tratou o debate sobre a participação chinesa na chegada da tecnologia ao Brasil como uma questão superada. Sem citar nominalmente a empresa chinesa Huawei, o ministro ressaltou que as polêmicas do leilão foram discutidas, até que se chegasse a um modelo adequado ao Brasil. Todo o processo, segundo ele, contou com participação ativa da Anatel e do Tribunal de Contas da União.
“A gente se protegeu do que tinha de assombração. A gente tirou a assombração e focou em ter o 5G funcionando. E, dentro do que achavam que era algo que poderia ser espionado, a gente fez uma proteção maior”, afirmou. A proteção maior à que o ministro se referia é o formato escolhido para a criação de uma rede privativa de 5G para o governo, para a qual o leilão permitirá apenas a compra de equipamentos de empresas que tenham expertise no fornecimento desse tipo de estrutura e que não tenham sócios ligados a partidos políticos.
Sobre o impacto político da chegada da tecnologia ao País, Faria rebateu a tese de que haveria um benefício eleitoral em vista para o presidente. “Não é porque vai ter o 5G que vai ser bom para o Bolsonaro. O 5G é bom para o País. Então, vamos tirar isso de querer ficar contra o 5G. Porque se a gente perder, cada mês que a gente perde custa muito para gente”.
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