Não é um bom sinal para um indicado ao Supremo Tribunal Federal (STF) ter que assistir ao presidente que o indicou falar na possibilidade de substitui-lo. Foi o que fez ontem o presidente Jair Bolsonaro. Questionado sobre o vai-não-vai de Mendonça a caminho do STF, ele respondeu que ainda acredita que a nomeação “vai dar certo”. Mas arrematou dizendo que, se não der, indicará outro evangélico.
As declarações, feitas em entrevista à Rádio Jovem Pan, apenas reforçam o clima que já se manifesta há muito tempo nos bastidores sobre a indicação. Interlocutores do próprio Bolsonaro dizem que Mendonça está sendo “jogado na fogueira”. E, embora Bolsonaro fale na substituição no caso de uma rejeição no Senado, há perto do presidente quem diga que já existe clima para uma troca antes mesmo da sabatina.
No próprio STF, a possibilidade é vista como muito remota e sem precedentes. Mas ministros falam em “sangria” de Mendonça. E entendem que o cenário é ruim para o STF como um todo, por comprometer a credibilidade de quem pode vir a ocupar uma cadeira no tribunal.