Sylvio do Amaral Rocha Filho: O Espumante Brasileiro, nosso dom
Alegre, contagiante, gostoso, cheio de nuances na boca e no nariz, gastronômico ou aperitivo, nosso Espumante é o segundo melhor do mundo
O primeiro vinho a espocar no mundo borbulhou em 1531, em Limoux, na França, obra dos monges beneditinos. Estava criado o Blanquette de Limoux, sendo Blanquette o nome local da uva Mauzac. Utilizaram-se do método tradicional, o de permitir a segunda fermentação na própria garrafa.
Dom Perignon esteve lá quase 150 anos depois para aprender como não permitir que os vinhos borbulhassem. Verificou in loco ser impossível e rendeu-se à magia, como se sabe. Fez do champagne, um espumante, o epítome dessa inigualável bebida.
No Brasil, em 1913, Manoel Peterlongo cria o primeiro champagne brasileiro (sim, a Peterlongo por decisão do nosso Supremo Tribunal Federal é a única firma brasileira que pode usar o nome). Seu filho, Armando, continuou a tradição, e seu genro, Alino Lorenzini, diretor técnico do Estabelecimento Vinícola Armando Peterlongo, tratou com competência, zelo e criatividade os champagnes e espumantes da Casa.
Entusiasta, Alino Lorenzini foi o mentor do pioneiro Filtrado Doce Espuma de Prata que, tendo seu auge nas décadas de 60, 70, 80 e 90, vendendo centenas de milhares de caixas por ano, ensinou o brasileiro a tomar gosto pela borbulha e nela reconhecer-se.
Nós, em maio/junho de 1992, na Revista do Vinho, editada pela UVIBRA – União Brasileira de Vitivinicultura, ano 5, nº 30, já elogiávamos o Espumante Brasileiro como a grande surpresa dentre toda a produção nacional.
Sem uvas autóctones a vida vitícola brasileira começa com a importação! Foram importadas a vitiviníferas europeias base de nosso Espumante. Colhidas antes da hora, entre o verdor máximo e maturação máxima, essas uvas conferem ao nosso Espumante sua acidez.
Somos amantes do Espumante Brasileiro que consideramos a verdadeira vocação nacional.
Alegre, contagiante, gostoso, cheio de nuances na boca e no nariz, gastronômico ou aperitivo, nosso Espumante é o segundo melhor do mundo, na nossa avaliação.
Na sua brasilidade é o único vinho que consegue ser grande acompanhante de nossa feijoada, por exemplo.
Sozinho, esfuziante, preenche o espaço e mostra seu vigor, sua simpatia, a presença de ser brasileiro.
Quer venham do Sul, Vale dos Vinhedos, Serra Gaúcha, Pinto Bandeira, quer venham das Terras Altas de Santa Catarina por obra do visionário Edson Nelson Ubaldo, nossos maravilhosos Espumantes, método champenoise ou charmat, são a máxima exaltação de nossa incipiente vitivinicultura.
Bebamos!