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Augusto Nunes

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Os primeiros dias do governo Michel Temer foram discutidos no Roda Viva desta segunda-feira

Entre outros assuntos, os convidados debateram o rombo nas contas legado por Dilma Rousseff, a reforma da Previdência e as polêmicas sobre o novo ministério

Por Branca Nunes Atualizado em 30 jul 2020, 22h39 - Publicado em 24 Maio 2016, 19h44

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O início do governo Michel Temer esteve no centro do Roda Viva desta segunda-feira. Repetindo o formato utilizado nos programas temáticos, a bancada foi formada por cinco debatedores, que discutiram os primeiros dias do substituto de Dilma Rousseff na Presidência da República. Entre os assuntos abordados ao longo de 90 minutos, destacaram-se o rombo nas contas legado pela presidente afastada pelo Senado, a reforma da Previdência, a configuração do ministério, as medidas de combate à crise econômica e a queda de Romero Jucá.

Participaram do debate Mara Gabrilli (deputada federal do PSDB paulista), Alexandre Schwartsman (economista e ex-diretor da área internacional do Banco Central), Flávio Galvão (ator), Paulo Frateschi (professor de Ciências Sociais e fundador do PT) e Gaudêncio Torquato (consultor político e professor de Comunicação Política da USP.

Confira abaixo afirmações feitas pelos cinco convidados do Roda Viva:

Mara Gabrilli:

“Toda essa corrupção começou em Santo André, e de forma agressiva, truculenta. Isso foi se ampliando e acabou perpetuado pelo PT”.

“Dilma Rousseff extinguiu a Secretaria Nacional da Pessoa com Deficiência em abril e pouco se falou sobre isso. Michel Temer teve o bom senso de recriá-la. Portanto, não é verdade dizer que o governo anterior se preocupava com o bem estar de toda a população. Hoje, quase 25% dos brasileiros têm algum tipo de deficiência. E uma criança chega a esperar, em média, cinco anos e meio para conseguir uma cadeira de rodas pelo SUS”.

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Alexandre Schwartsman:

“O Brasil tem 5% da população com mais de 65 anos e gasta 13% do PIB com esta parcela. É o mesmo valor gasto por um país que tem 15% das pessoas nessa condição. Distorções desse tipo precisam ser corrigidas”.

“As despesas do governo não param de crescer. Não faz sentido aumentar impostos sem que melhore a qualidade dos serviços. Essa carga tributária sufoca o empresariado, mas quem paga a conta não são eles. São os 11% de desempregados”.

Flávio Galvão:

“O grande problema é que o Ministério da Cultura foi todo aparelhado pelo PT. Eu gostaria que o ministério fosse aparelhado não com nomeações sem concurso, mas com livros que faltam nas bibliotecas, com iluminação de qualidade nos teatros, com a preservação de monumentos históricos, bibliotecas, museus. O MinC gasta 83% do orçamento com despesas internas, não com atividades culturais”.

“Eu era PT até o fundo do meu coração. Fui ao Circo Voador cantar Lula, fiz campanha para o partido. E o PT me traiu. Eu me senti traído pelo que aconteceu neste país. Agora temos a oportunidade, com este governo, de iniciar uma nova vida. Espero que Michel Temer consiga driblar essa politicagem de terceira categoria e surpreender a todos. Sonho com um Brasil bom e decente”.

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Paulo Frateschi:

“Esse governo interino, efêmero, acumulou algumas dificuldades nesses 10 dias para concretizar o golpe. Se eles têm 180 dias para cassar a Dilma no Senado, por que tanta pressa, tanta virulência contra as conquistas populares e democráticas? Um ministério com sete pessoas citadas na Lava Jato? Um líder do governo na câmara que é inclusive acusado de assassinato? Por que atacar a Previdência? Eles querem ser confiáveis para o mercado e estão pouco se lixando para o que acontece com os pobres, com os trabalhadores”

“A Dilma não sofreu um golpe por corrupção. Ela sofreu pelo que fez de bom para o povo. Houve uma reação da elite”.

Gaudêncio Torquato:

“O tempo é muito curto para se fazer a análise de um governo que encontrou um país com 11% de desempregados, 10% de inflação e déficit público de R$ 170 bilhões. Faço apenas uma primeira avaliação. Na área econômica foram convocados jogadores do primeiro time e deles se espera grandes soluções. A expectativa social é muito grande e há uma militância muito aguerrida por parte do PT, que vai às ruas cobrar a presença de mulheres e negros no ministério, mas esquece que o país foi administrado de maneira desastrada pelos governos do partido”.

“Eu acredito no novo governo. Michel Temer é professor de Direito Constitucional e sabe o que é golpe. Se tivesse havido  golpe, o Supremo Tribunal Federal seria golpista. Dos 11 ministros do STF, oito foram nomeados por Lula e por Dilma. Se fosse golpe, os 367 deputados que aprovaram o impeachment seriam golpistas, as instituições brasileiras seriam golpistas. Acredito piamente na Lava Jato e acho que nenhuma mão humana conseguirá desviar seu rumo. É preciso recuperar a bússola e o rumo de um país sem comando”.

Com ilustrações em tempo real do cartunista Paulo Caruso, o programa foi transmitido ao vivo pela TV Cultura.

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