“Não existem presos políticos nas democracias: em nenhum país verdadeiramente livre alguém vai para a prisão por pensar de modo diferente”, resumiu o estadista costarriquenho Oscar Arias, ex-presidente da República premiado com o Nobel da Paz, ao esclarecer por que enxergava uma ditadura em Cuba e outra em trabalhos de parto na Venezuela. ” Cuba pode fazer todos os esforços retóricos para vender a ideia de que é uma ‘democracia especial’. Cada preso político nega essa afirmação. Na Venezuela, cada preso político é uma prova irrefutável de autoritarismo”. Em ambas as nações, completou Arias, todos os prisioneiros foram encarcerados sem julgamento ou julgados por um sistema de independência questionável e sofreram punições excessivas sem terem causado danos a qualquer pessoa”.
Em Cuba, o Poder Judiciário foi sepultado no momento em que Ernesto Ché Guevara se transformou no Único Juiz: não duraram mais que três minutos milhares de julgamentos que terminavam com a condenação à morte no paredón de outro réu proibido de exercer o direito de defesa. A Venezuela optou por emascular a Corte Suprema com a nomeação de vassalos sabujos. A ilha-presídio inventou um Congresso que só tem espaço para militantes comunistas indicados pelo Executivo. A pátria do socialismo bolivariano acaba de superar a criatividade cubana: nesta quinta-feira: o Judiciário de araque decidiu fechar a Assembleia saída das urnas e substituir deputados eleitos pelo voto popular por malandros de toga escolhidos pelo tiranete Nicolás Maduro.
O sucessor de Hugo Chávez perdeu a vergonha de vez e mostrou a cara do ditador. Planejado para liquidar a oposição a Maduro, o assassinato da democracia será lembrado daqui a muitos anos como o ato que precedeu a queda do liberticida que conversava com um passarinho.