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Por Coluna
Com palavras e imagens, esta página tenta apressar a chegada do futuro que o Brasil espera deitado em berço esplêndido. E lembrar aos sem-memória o que não pode ser esquecido. Este conteúdo é exclusivo para assinantes.
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O Brasil vai ter de se encarar

O que assusta no nosso país não é o absurdo em si mesmo, é a dessensibilização para o absurdo a que chegamos

Por Fernão Lara Mesquita
Atualizado em 30 jul 2020, 20h20 - Publicado em 12 set 2018, 07h11

Fernão Lara Mesquita (publicado no Vespeiro)

Que semana! O museu… Bolsonaro… Da intolerância à selvageria a partir do “nós” contra “eles”, taí a eleição mais crítica da História do Brasil com um pé na cadeia e outro na UTI. Taí o Brasil feito Estado Islâmico passivo, o que destrói patrimônio da humanidade não por ação, mas por omissão.

O que assusta no nosso país não é o absurdo em si mesmo, é a dessensibilização para o absurdo a que chegamos.

Ardeu tudo como estava reprometido e realertado que arderia? Ouçamos o diretor temerário. O que autorizou e conviveu com todas as gambiarras. O que se fez surdo a todas as súplicas e a todos os alertas. Mas não para cobrá-lo, veja lá! Não sai da televisão o homem que dirigiu o incêndio do nosso passado, mas para ditar-nos regras sobre como preservar o nosso futuro!

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Mantenha-se lá atrás, na moita, intacta, a horda que não nos representa, mas que se nos quer impor. A horda a quem entregaram a UFRJ como uma sesmaria particular, a ser explorada não só como trampolim para o proselitismo do ódio, mas também para ser mamada. Deixem quietos os que comem os R$ 3,1 bilhões por ano que o favelão nacional a duras penas lhes entrega sem que mal e mal sobrem 50 contos por mês para zelar pela parte que nos cabe do passado imemorial do Brasil e da humanidade.

Sim, o PSOL vive! Mas porque lhe é dado permanecer na sombra…

E o condenado? Tá ou não tá? Tribunais “superiores”? Tribunais “supremos”? Quanto vale a língua portuguesa no universo das nossas instituições? O Supremo Tribunal Federal não é onde as dúvidas acabam, é onde elas começam.

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E então a facada…

Foi mesmo uma facada?

Nada a declarar! Chamem-se os marqueteiros.

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Que coleção de palavras vamos pôr na boca do candidato, tendo em vista os públicos junto aos quais ele não vai bem?

É um “lobo solitário”? Um miserável? Um debiloide? Mas, e esses advogados todos desde o primeiro minuto? Foi deus ou foi o diabo?

Não interessa a resposta que possa haver. O que põe a desconfiança no ar é as perguntas não serem feitas.

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Ó deus, os perigos são tão grandes e a democracia tão pequena. Jornalismo é importante demais para ficar nas mãos de quem tem medo de enfrentar ordens unidas…

Não, não é só aqui.

A internet deu a conhecer à humanidade o que ela é, e ela está detestando o que vê. O mundo sem edição está de ressaca de si mesmo. É por essa brecha que se esgueiram os quintas-colunas. Não se aprendeu ainda a diferença entre o jornalismo, instituição da República se e quando é jogo jogado com regras, e a balbúrdia da rede, essa reprodução matemática da praça pública que como praça pública tem de ser ouvida. Nesta, feita de bits, as palavras declararam tecnologicamente a independência do seu contexto. Proporção, volumes, ênfases, tudo é “pós-produzível” como nunca. Todo xingamento-vírgula da linguagem chula de todas as línguas pode ser eternamente revisitado, amplificado, dissecado, monstrificado… e na viva voz do seu próprio autor. O disse-que-disse das marocas vem impresso, vem gravado, vem ao vivo. Até a cizânia hormonalmente dirigida é destilada com alcance global. Qualquer ouvido está ao alcance de qualquer sussurro. Qualquer impropério se salva para todo o sempre do oblivion. A automatização da repetição customizada para cada ouvido é o triunfo dos goebbels de todas as cores. O idiota de Nelson Rodrigues, cuja humildade se ancorava na solidão da sua incapacidade de compreender, agora dispõe de ferramentas infalíveis de mútua identificação. Descobriu-se maioria, e esmagadora. O “grupo” unido, jamais será vencido!

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A vitória parece para sempre liberta do convencimento. Os milênios de circuitos neurais estruturados pela repetição deixam passar como checado e selecionado tudo o que aparece em letra impressa ou em imagem gravada mais depressa que os raciocínios que, um por um, têm de abrir as suas próprias picadas. Remar contra a maré passou de “elitismo” a “fascismo”. O máximo que se tolera de quem se depara com o absurdo é uma justaposição “plural”. De cretinices ou não, pouco importa, desde que mediada por uma expressão absolutamente lobotômica. O debate político, ensina-se nas escolas todas, e nas de jornalismo em particular, vem empacotado. Deve evitar qualquer tipo de participação do cérebro. Por isso tem hoje, no Brasil e fora do Brasil, a razoabilidade das discussões de casal.

Mas a realidade está aí fora, rugindo, e não admite meias-solas. Quanto tempo poderá durar esse esconde-esconde? Os humilhados e ofendidos estão sendo traídos na sua hora mais escura, escancaradamente. 16,38%! Não é o esgotamento do Estado num país miserável que apavora, é ninguém encarar de frente a causa do esgotamento do Estado que põe o mercado em pânico.

E o tiroteio? Como vencer a guerra do Brasil? A desesperança e o medo que se palpa no ar respondem menos à gravidade desse desafio que à recusa em reconhecê-lo como o que é.

Mas agora que a “campanha negativa”, de destruição de pessoas, está temporariamente interditada, que tal experimentar o cotejamento de receitas? Bolsonaro, afinal, existe mais porque dá alguma resposta do que pelas respostas que dá; porque reconhece os problemas do tamanho que são mais que pelos remédios que propõe para eles.

A verdade está na cara. Não há funcionário intrinsecamente bom nem funcionário intrinsecamente ruim; há funcionário demissível e funcionário indemissível. Não há quem vote sempre errado nem quem vote sempre certo. Existe democracia, onde o eleitor vota antes, vota durante e vota depois do momento marcado para a eleição, e existe essa fraude que só gera sangue, suor e lágrimas que os usurpadores de mandatos impingem ao Brasil em nome dela.

Este país só vai ter cura se e quando se encarar como o que é. Vai ter de parar, desembarcar acusadores e acusados do “sistema” cujo comando todos disputam e extirpar, de comum acordo, a raiz torta que lhe produz todos os galhos tortos. Só então vai poder embarcar de novo numa navegação que tenha rumo.

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