“Dilma Rousseff deixou de ser presidente neste 13 de março”, disse o jurista Modesto Carvalhosa ao citar as principais consequências da maior manifestação popular da História do Brasil. Impressionado com o que testemunhou na Avenida Paulista, o convidado do Roda Viva desta segunda-feira acredita que, apesar dos graves problemas decorrentes da crise ética, econômica e política, o país vive um momento luminoso: “Como o esquema corrupto articulado pelo PT foi longe demais”, argumentou, “o povo resolveu acabar com o abuso e mudar o Brasil.
Segundo Carvalhosa, é pouco surpreendente que o juiz Sérgio Moro seja celebrado pelas multidões como herói nacional. “O Judiciário é o único entre os três Poderes que é confiável”, declarou. Para o advogado especializado em leis relativas à corrupção, resta ao Congresso fazer o que foi decidido pelas ruas, sem se desviar dos caminhos traçados pela Constituição. Ele sustenta que nenhuma das manobras ensaiadas pelo governo pode deter o avanço da Lava Jato, e acha arriscada a ida de Lula para o ministério: “É crime de obstrução da justiça”, advertiu.
Vários outros temas foram colocados em pauta pela bancada de entrevistadores formada por José Gregori (jurista e ex-ministro da Justiça), José Nêumanne (articulista do Estadão), Bela Megale (repórter de política da Folha), Daniel Haidar (repórter da revista Época) e Luiz Tenório Oliveira Lima (médico-psicanalista e integrante da Sociedade Brasileira de Psicanálise de São Paulo).
Ilustrado em tempo real pelo cartunista Paulo Caruso, o programa transmitido ao vivo pela TV Cultura perguntou aos espectadores se as manifestações de domingo tornaram inevitável o impeachment de Dilma Rousseff. Dos mais de 70 mil participantes da enquete, 90% optaram pelo sim. Apenas 3% responderam que a presidente têm chances de permanecer no cargo.