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Marcos Troyjo: Economia ganharia com Plano Marshall tecnológico

A velocidade com que aeroportos ou estradas se tornam obsoletos é dramaticamente inferior à rapidez com que o fio de cobre foi superado pela fibra ótica

Por Augusto Nunes Atualizado em 30 jul 2020, 20h48 - Publicado em 29 jul 2017, 23h16
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  • A ideia de “plano econômico” dominou o imaginário dos economistas no século 20. Seu conceito, na contramão do que pregavam os liberais clássicos, representava intervenção clara do governo no curso espontâneo dos mercados.

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    Daí um plano ser (teoricamente) sempre a tentativa de acelerar um processo ou corrigir um rumo equivocado. É um “atalho” para determinado objetivo. A opção por “planos” marca a conhecida divisão entre pensamento ortodoxo e heterodoxo em política econômica, mas isso não precisa ser necessariamente assim.

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    Nos últimos 70 anos, uma das mais exitosas estratégias dessa natureza, aplicada logo após a Segunda Guerra, foi o Plano Marshall. Transformou países derrotados no grande conflito em economias competitivas e prósperas.

    Hoje, o fenômeno com maior potencial de estabelecer pontes cooperativas internacionais ou, ao contrário, alargar ainda mais o fosso de desenvolvimento entre os países, é a chamada “Economia 4.0”. Talvez este termo, mais ainda do que a designação “Quarta Revolução Industrial”, seja mais apropriado para descrever o ecossistema de conhecimento, tecnologia e empreendedorismo em que estamos ingressando.

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    Se, como sugere Klaus Schwab, não mais o capital, mas o talento é o fator determinante do êxito nesta “Nova Era de Adaptação”, é fundamental falar da necessidade de um “Plano Marshall tecnológico”.

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    A grande distância mundial não é mais entre os que têm e os que não têm, mas entre “conectados” e “não conectados”. A fusão talento-tecnologia permite a países “adaptações seriais”. E, a partir de tal dinâmica, o imperativo é gerar atividade produtiva que vá além das tradicionais vantagens comparativas ricardianas.

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    Uma nova onda de cooperação internacional para o florescimento da Economia 4.0, tarefa que se deveria acrescer às “Metas do Milênio”, vale salientar, estaria repleta de desafios. Por exemplo: quais são as implicações do termo “infraestrutura” para a Economia 4.0? Qual o sentido contemporâneo de um novo Plano Marshall que viesse a fornecer infraestrutura de tecnologias da informação para o mundo em desenvolvimento?

    Infraestrutura convencional na economia industrial foi classicamente representada pela malha logística – por portos, aeroportos, ferrovias, estradas etc. Agora, infraestrutura compreende modalidades velozes e seguras de conectividade. Igualmente, consiste na relação ágil entre universidades, unidades de pesquisa e desenvolvimento e sua tradução em produtos para o mercado.

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    Nesse contexto, repensar políticas de desenvolvimento torna-se ainda mais complexo. A velocidade com que aeroportos ou estradas se tornam obsoletos é dramaticamente inferior à rapidez com que o fio de cobre foi superado pela fibra ótica. Ou esta pela progressiva utilização de tecnologias de satélites.

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    Um bom exemplo dessa “obsolescência prematura” que crescentemente marcará a Economia 4.0 foi o programa “One Laptop per Child“, criado por Nicholas Negroponte, fundador do Media Lab do MIT (Instituto de Tecnologia de Massachussetts). A ênfase nos laptops foi determinantemente superada pela ascensão de tablets e smartphones.

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    Eis um grande dilema para um Plano Marshall contemporâneo. Ademais de exigir um nível de cooperação internacional numa conjuntura global em que as principais potências encontram-se particularmente “individualistas”, corre-se o risco de apostar em determinadas tecnologias incapazes de encurtar a distância entre economias baseadas no conhecimento e aquelas às voltas ainda com a primeira revolução industrial.

    Certa feita, Akio Morita, o legendário fundador da Sony, explicou o êxito do Japão como resultado de “trabalho duro e águas profundas”. Aludia à infraestrutura de portos, que favorecia as exportações japonesas. É claro que o mundo carece de um “Plano Marshall” tecnológico, mesmo tendo que lidar com o ritmo – e o risco – exponencial da inovação. Não há saída. Na Economia 4.0, o desempenho será produto de “trabalho duro e conhecimento profundo”.

    Deveríamos entender por “Plano Marshall tecnológico” não um programa específico, concebido, decidido e implementado a partir de uma decisão da Assembleia-Geral da ONU. Caberia, sim, um renovado chamamento à cooperação internacional a mostrar que o gap digital fará com que, no limite, todos os países sairão perdendo.

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