Atualizado às 19h00
Caso se arrisque a assistir na tribuna do Maracanã ao jogo entre a Argentina e a Alemanha, Dilma Rousseff dificilmente escapará de manifestações de hostilidade nascidas da indignação com a farra dos estádios superfaturados, com o legado de araque, com as obras de mobilidade urbana que não desceram do palanque, com a demasia de tapeações bilionárias que envolvem a Copa da Roubalheira e outras vigarices. A paciência já era pouca. Acabou de vez depois do Massacre do Mineirão.
A vaia de espantar Nelson Rodrigues é tão previsível quanto a mudança das estações do ano. E ninguém se surpreenderá se a presidente for obrigada a ouvir de novo o que foi berrado em coro por dezenas de milhares de torcedores no dia da estreia da Seleção. Prefiro a vaia, que dispensa palavras para avisar a um embusteiro que o limite do cinismo foi ultrapassado. Mas não é fácil submeter a regras de etiqueta gritos há tanto tempo aprisionados na garganta.
Se o coro do Itaquerão for reprisado no Maracanã, os farsantes no poder retomarão a lengalenga que tenta transformar a mulher de maus bofes que chefia o mais desastroso dos governos numa indefesa mãe e avó ofendida por bárbaros a serviço da elite golpista. Antes que a chanchada recomece, a coluna recorda outros sete episódios exemplares: em todos, a seita lulopetista agride o Brasil decente com insultos muito mais chocantes que a expressão endereçada a Dilma no Itaquerão. Confira:
Jornalista americano punido por contar a verdade – maio de 2004
Colérico com a reportagem em que Larry Rohter, correspondente no Rio do The New York Times, informou que o presidente do Brasil é um apreciador de bebidas alcoólicas, Lula ordenou que fosse cancelado o visto temporário do jornalista norte-americano. A repercussão da represália aconselhou o chefe de governo a cancelar o cancelamento.
Companheira inventa a dança da pizza pornográfica ─ junho de 2006
Para comemorar a absolvição do mensaleiro João Magno pelo plenário da Câmara, a deputada federal Angela Guadagnin (PT-SP) criou a versão pornográfica da “dança da pizza”. Não conseguiu reeleger-se. Ex-prefeita de São José dos Campos, teve de conformar-se com o emprego de vereadora.
Marta Suplicy quer saber se Kassab é casado e tem filhos ─ outubro de 2008
Assustada com o crescimento de Gilberto Kassab nas pesquisas sobre a disputa pela prefeitura de São Paulo, Marta Suplicy lançou uma peça eleitoral com perguntas de fundo sexual ao adversário. Dois exemplos: “É casado?” Tem filhos?”. O golpe baixo tornou inevitável o naufrágio nas urnas da atual ministra da Cultura.
Lula promove Madre Superiora a “homem incomum” – 17 de junho de 2009
Em meio a denúncias envolvendo pagamento de horas extras durante o recesso parlamentar, atos secretos com nomeações de parentes e outras obscenidades produzidas pelo Senado, Lula vestiu o manto de protetor dos culpados e absolveu o presidente da Casa do Espanto com uma frase famosa: “Eu penso que Sarney tem história suficiente no Brasil para que não seja tratado como se fosse uma pessoa comum”.
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Neta patrocinada – junho de 2010
Em 2011, a Oi resolveu doar R$ 300 mil para a montagem da peça A Megera Domada, de William Shakespeare, numa versão protagonizada pela neta de Lula, então com 15 anos. O vídeo abaixo inspirou a pergunta feita aos leitores da coluna no post de agosto daquele ano: a Oi apostou na neta ou investiu no avô?
Lula, Haddad e Maluf celebram o noivado no jardim – junho de 2012
Apadrinhado por Lula, o noivado eleitoral entre o PP de Paulo Maluf e o PT do candidato a prefeito Fernando Haddad foi celebrado no jardim da mansão do procurado pela Interpol. Como dote, Haddad ganhou 1 minuto e 35 segundos no tempo de propaganda na TV.
Marilena Chaui odeia a classe a que pertence ─ maio de 2013
Depois de berrar no meio de um debate sobre os 10 anos do governo do PT que odiava a classe média, a filósofa Marilena Chauí foi ovacionada pela plateia amestrada e pelos companheiros de palco.
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