Imagens em Movimento: A cidade que entra pela janela
SYLVIO DO AMARAL ROCHA Foi em 300 a.C que Aristóteles, sentado sob uma árvore, observou a imagem de um eclipse “replicada” no chão ─ a luz passava por um pequeno orifício numa folha e, ao encontrar uma superfície paralela, reproduzia a imagem invertida. Leonardo da Vinci, já no Renascimento, considerou o experimento como uma ferramenta […]
SYLVIO DO AMARAL ROCHA
Foi em 300 a.C que Aristóteles, sentado sob uma árvore, observou a imagem de um eclipse “replicada” no chão ─ a luz passava por um pequeno orifício numa folha e, ao encontrar uma superfície paralela, reproduzia a imagem invertida. Leonardo da Vinci, já no Renascimento, considerou o experimento como uma ferramenta auxiliar para desenhos. Com o tempo, este fenômeno natural foi dominado e sua técnica transportada para um objeto chamado câmera escura. A primeira iconografia que temos de uma câmera escura ─ utilizada justamente para observar um eclipse ─ data de 1545.
Por volta de 1600, no lugar do orifício foi adicionada uma lente. As objetivas possibilitavam a formação de uma imagem mais nítida. Apesar dos avanços tecnológicos, em 1850 o cientista escocês David Brewster voltou a fotografar utilizando câmeras sem lentes e usou a palavra pin-hole (buraco de alfinete, em inglês) para descrever o aparato.
O fascínio provocado pelas pinholes permanece até hoje. Dois fotógrafos, Romain Alary e Antoine Levi, decidiram usar esse “processo primitivo” em um projeto experimental: transformar um apartamento em Paris numa gigantesca câmera pinhole. No site stenop.es podemos assistir a trechos desse processo. Nele, um buraco minúsculo é aberto em uma das janelas e, por aí, as imagens externas invadem os cômodos. A cidade se transforma em luz e reflete a paisagem do lado de fora nas paredes, no chão, no teto. Uma experiência incrível.
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