Em 2 de maio deste ano, por três votos a dois, a 2ª Turma do Supremo Tribunal Federal livrou da prisão provisória o notório José Dirceu. A prisão fora decretada em 2015 pelo juiz Sergio Moro. Os ministros Edson Fachin e Celso de Mello votaram pela permanência na cadeia do bandido irrecuperável. Ricardo Lewandowski e Dias Toffoli acharam que Dirceu se havia regenerado. O voto de minerva coube a Gilmar Mendes. Previsivelmente, o ministro da defesa de culpados aprovou a concessão de um habeas corpus ao delinquente que só entre 2011 e 2014 ampliara o prontuário com 33 crimes apurados pela Lava Jato.
Nesta quinta-feira, durante o tiroteio verbal com Luís Roberto Barroso, Gilmar tentou depositar no colo do colega o aleijão que ele próprio pariu — e acusou Barroso de ter libertado Dirceu no julgamento do Mensalão em 2012. Levou um troco inesquecível. Com a reconstituição dos fatos, Barroso provou que Dirceu foi condenado à gaiola no Mensalão, indultado pela camarada Dilma meses depois, devolvido pelo Petrolão à cela e finalmente resgatado dali pelas mãos sempre piedosas de Gilmar Mendes.
Ao tentar atribuir a outro ministro a decisão repulsiva que foi sua, Gilmar confessou que mentiu em maio ao justificar a soltura de Dirceu com a frase de sempre: ele agia assim em respeito à Constituição. Precisa agora explicar por que acusou Barroso de ter respeitado a Constituição. Ou então encerrar a conversa fiada e admitir que vive mandando às favas tanto a Constituição brasileira quanto a verdade.