Assine VEJA por R$2,00/semana
Augusto Nunes Por Coluna Com palavras e imagens, esta página tenta apressar a chegada do futuro que o Brasil espera deitado em berço esplêndido. E lembrar aos sem-memória o que não pode ser esquecido. Este conteúdo é exclusivo para assinantes.
Continua após publicidade

Editorial do Estadão: O desprestígio dos professores

Como afirmam os especialistas em ensino, os baixos salários são causa e consequência da perda de prestígio social

Por Augusto Nunes Atualizado em 30 jul 2020, 20h10 - Publicado em 10 nov 2018, 11h53
  • Seguir materia Seguindo materia
  • Divulgada pela Varkey Foundation, que atua na área educacional, o Índice Global de Status de Professores um levantamento comparativo sobre a percepção que a sociedade tem do prestígio desses profissionais em 35 países revela que, nesse campo, o Brasil continua andando na contramão. Enquanto no mundo inteiro os professores são cada vez mais respeitados pelos alunos, pelos pais de alunos e pela sociedade em geral, entre nós tem ocorrido justamente o inverso.

    Publicidade

    Em 2013, quando foi publicada a primeira edição desse estudo comparativo, o Brasil ficou na penúltima colocação do Índice Global de Status de Professores. Na edição de 2018, a queda foi determinada, entre outros fatores, pelos salários aviltantes pagos à categoria, especialmente na rede pública de ensino, pela carga excessiva de trabalho, que os impede de estudar e reciclar, e pela crescente falta de respeito dos alunos nas salas de aula. Como afirmam os especialistas em ensino, os baixos salários são causa e consequência da perda de prestígio social, uma vez que as pessoas desvalorizam os professores porque ganham pouco e eles recebem pouco porque não são valorizados pelas políticas públicas.

    Publicidade

    Também influiu na queda do Brasil no Índice Global de Status de Professores a falta de estímulos para atrair as novas gerações a ingressar na carreira docente. “Os jovens com melhor desempenho vão para as profissões mais valorizadas, que pagam melhores salários. Os cursos de Licenciatura e Pedagogia são vistos como restolhos. Cada vez menos há fatores de recompensa. Nunca se desenvolveu a ideia de que é preciso melhorar a questão salarial, a evolução na carreira, as condições de trabalho e o apoio que o professor deve receber da equipe escolar e das famílias. A médio prazo isso é um desastre para a educação do Brasil”, afirma Sílvia Gasparian Colello, da Faculdade de Educação da Universidade de São Paulo (USP).

    Além da Varkey Foundation, o Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) detectou o risco desse desastre. Há cerca de quatro meses, a instituição lançou um livro que explica por que o prestígio da profissão docente está em queda na América Latina e aponta as medidas necessárias para reverter esse cenário.

    Publicidade
    Continua após a publicidade

    Segundo esses estudos, não é por acaso que os países mais bem classificados nos rankings comparativos de prestígio dos professores são justamente aqueles cujos alunos têm recebido as melhores notas nas provas do Programa Internacional de Avaliação de Alunos (Pisa), coordenado pela Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE). Na última edição dessa avaliação, entre 70 países, o Brasil ficou no 63.º lugar em Ciências, 65.° em Matemática e 59.º em Leitura. “Mais respeito aos professores significa que estudantes com melhor desempenho serão atraídos para a profissão e que melhores docentes irão permanecer na carreira, o que aumenta os resultados educacionais dos países”, diz o presidente da Varkey Foundation, o indiano Vikas Pota.

    Para elaborar o ranking comparativo, a Varkey Foundation entrevistou mil pessoas, na faixa etária entre 16 e 64 anos, em cada um dos 35 países avaliados, e cerca de 5,5 mil docentes. Segundo o levantamento, apenas 9% dos entrevistados brasileiros responderam que os alunos respeitam os professores. Na China, o índice é de 81%. No Brasil, só 20% dos pais responderam afirmativamente se encorajariam seus filhos a ingressar no magistério ante 55% dos pais chineses. Na mesma linha da publicação do BID, o estudo da Varkey Foundation também deixa claro que não há soluções miraculosas para recuperar o prestígio da carreira docente medida absolutamente necessária, ainda que não suficiente, para que o Brasil possa promover a tão aguardada revolução educacional. Enquanto o poder público não tiver uma política salarial realista para o professorado, não melhorar as condições de trabalho e não adotar o sistema de pagamento de bônus de desempenho, para premiar os melhores docentes, o Brasil continuará, infelizmente, perdendo a corrida educacional.

    Publicidade
    Publicidade
    Publicidade

    Matéria exclusiva para assinantes. Faça seu login

    Este usuário não possui direito de acesso neste conteúdo. Para mudar de conta, faça seu login

    Domine o fato. Confie na fonte.

    10 grandes marcas em uma única assinatura digital

    MELHOR
    OFERTA

    Digital Completo
    Digital Completo

    Acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

    a partir de R$ 2,00/semana*

    ou
    Impressa + Digital
    Impressa + Digital

    Receba Veja impressa e tenha acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

    a partir de R$ 39,90/mês

    *Acesso ilimitado ao site e edições digitais de todos os títulos Abril, ao acervo completo de Veja e Quatro Rodas e todas as edições dos últimos 7 anos de Claudia, Superinteressante, VC S/A, Você RH e Veja Saúde, incluindo edições especiais e históricas no app.
    *Pagamento único anual de R$96, equivalente a R$2 por semana.

    PARABÉNS! Você já pode ler essa matéria grátis.
    Fechar

    Não vá embora sem ler essa matéria!
    Assista um anúncio e leia grátis
    CLIQUE AQUI.