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Editorial do Estadão: Educação desigual

Uma das causas para a diferença de oportunidades é a baixa qualidade do ensino da escola pública, visivelmente pior na média do que o da escola privada

Por Augusto Nunes Atualizado em 30 jul 2020, 20h06 - Publicado em 9 dez 2018, 15h49
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  • Um estudo do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) A Síntese de Indicadores Sociais: uma análise das condições de vida da população brasileira 2018 traz dados que confirmam a enorme disparidade entre o futuro dos alunos da rede de ensino público e o dos alunos das escolas particulares. Em 2017, 79,2% dos estudantes que concluíram o ensino médio na rede particular ingressaram na faculdade. Entre os estudantes da rede pública, o porcentual é de apenas 35,9%.

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    Uma das causas para essa espantosa diferença de oportunidades é a baixa qualidade do ensino da escola pública, visivelmente pior na média do que o da escola privada. É preciso enfrentar seriamente os entraves para uma educação pública de qualidade, em todas as fases de ensino.

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    Como o IBGE ressalta, há também a influência do perfil socioeconômico ao longo da vida escolar do aluno. Por exemplo, entre os jovens de 15 a 17 anos cujas famílias têm menor renda (as 20% mais pobres), a frequência escolar é de 54,7%. Já nas famílias com maior renda (as 20% mais ricas), a frequência escolar é de 90,7%.

    As condições financeiras da família afetam a continuidade do estudo. Ao avaliar as causas que impedem o ingresso na faculdade entre jovens de 18 a 29 anos, o IBGE detectou, por exemplo, que 52,5% dos homens não cursam o ensino superior porque estão trabalhando ou procurando trabalho. Entre as mulheres, 39,5% não prosseguem seus estudos em razão da necessidade de se dedicarem a tarefas domésticas ou ao cuidado dos filhos.

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    Tais dados mostram a insuficiência do sistema de cotas e de programas de subsídio financeiro para fazer frente às brutais diferenças de oportunidade entre as classes sociais. Quando o Estado, com o objetivo de reverter disparidades sociais, facilita a entrada de alunos nas faculdades públicas, com as cotas raciais ou socioeconômicas, ou nas faculdades privadas, com o uso de subsídios e programas de financiamento, ele está chegando muito atrasado na resolução do problema. As verdadeiras causas dessa situação já ocorreram, e a atuação do poder público torna-se, assim, pouco eficaz ou até mesmo contraproducente, já que, às vezes, tais políticas simplesmente escondem as verdadeiras origens dessas disparidades.

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    Entre 2009 e 2016, a proporção de alunos que ingressaram nas faculdades por meio do sistema de cotas cresceu 2,5 vezes, passando de 1,5% para 5,2%. No mesmo período, também houve significativo aumento de matrículas por meio do Prouni, programa do governo federal que concede bolsas de estudo integrais e parciais em instituições privadas de ensino superior. Em 2009, dos 2,84 milhões de matrículas em cursos de bacharelado no setor privado, 26,3% contavam com algum auxílio financeiro do Estado. Em 2016, dos 3,88 milhões de matrículas nesses cursos, 52% envolviam algum benefício financeiro dado pelo poder público.

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    Houve, assim, expressivo aumento da atuação do Estado como facilitador do ingresso na faculdade. No entanto, desigualdades persistem, como mostram os dados do IBGE. É preciso chegar antes. Por exemplo, no ano passado, 8,3% das crianças entre 4 e 5 anos de idade não estavam matriculadas na escola. E é hoje um consenso a importância da educação nos primeiros seis anos de vida.

    E não se trata apenas de assegurar a matrícula no ensino infantil. Como destaca o IBGE, o atraso escolar o aluno frequentar um nível de ensino defasado para a sua faixa etária – é um das principais causas da evasão escolar definitiva. Ou seja, a universalização da educação básica obrigatória, que vai até o ensino médio, não é apenas uma questão de quantidade de alunos frequentando a escola, mas envolve diretamente a eficiência e a qualidade do sistema escolar.

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    A educação é a principal variável de acesso às oportunidades de uma sociedade. É de justiça, pois, assegurar que todos, sem exceção, possam receber uma educação de qualidade. De outra forma, por mais que se invista dinheiro público, as desigualdades se perpetuam.

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