Diálogo entre Coreias é uma caixinha de surpresas
Coreia do Sul e Japão, imediatamente no alcance da envergadura nuclear norte-coreana, encontram-se com nervos ainda mais à flor da pele
Muitos ao redor do mundo acompanham com alívio a retomada de conversações entre as duas Coreias.
Quando o assunto é o perigo que um conflito na Península representa para a Ásia e para o mundo, emerge a sensação de que o ano não poderia ter começado melhor.
Isso é tanto mais forte em se considerando que 2017 viu a capacidade de dissuasão norte-coreana aumentar em escala e alcance.
Especialistas em segurança coletiva passaram a reconhecer que os artefatos nucleares à disposição do regime de Kim Jong-un estão mais potentes.
Além disso, apenas no ano passado a Coreia do Norte realizou três testes de mísseis balísticos intercontinentais, ademais de experimentos com foguetes de médio alcance, passíveis de atingir o Japão.
Tudo isso vem sempre acompanhado de retórica beligerante não apenas de Seul e Pyongyang, mas também de Washington e Tóquio.
Coreia do Sul e Japão, imediatamente no alcance da envergadura nuclear norte-coreana, encontram-se com nervos ainda mais à flor da pele dada a postura de questionar alianças estratégicas na região adotada pela campanha de Trump à Casa Branca.
Em diversos momentos da corrida presidencial, Trump indicou que seus aliados no Pacífico teriam de ajudar a pagar pelo escudo protetor norte-americano.
Seul e Tóquio não serenaram após 20 de janeiro último. Desde então, a política externa e de defesa de Trump é, num eufemismo elogioso, errática.