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Deonísio da Silva: Comer como um frade

Além de nomes assim criativos, surgiram expressões curiosas sobre a gula de frades e padres

Por Augusto Nunes Atualizado em 30 jul 2020, 20h49 - Publicado em 23 jul 2017, 08h42
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    São deliciosos, não apenas os doces conventuais, mas também os nomes criativos que lhes deram as monjas portuguesas e brasileiras.

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    Suspiros, agarradinhos, bem-casados, baba de moça, beijo de freira, ovos moles, barriga de freira, pescoço de freira, olho de sogra e, entre outros, rabanada, cujo étimo é rabo, que em Portugal não é palavrão. Os ovos, com a clara separada ou não da gema, entravam na fabricação desses doces em profusão.

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    A Igreja sempre prescreveu os benefícios do jejum, mas foi nos conventos que as monjas inventaram as mais refinadas iguarias, principalmente doces, guloseimas e sobremesas.

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    Nas designações acima citadas há estreitas relações entre o desejo (não apenas o desejo de comida) e o ato de comer. O caso luso-brasileiro é exemplar. A partir do século XVI, Portugal e Brasil tornaram o açúcar um ingrediente indispensável nas casas, nas igrejas, nos conventos, não apenas no comércio.

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    Muitas monjas tinham sido postas nos conventos à força, onde sua virgindade era protegida num tempo de muitas guerras, todas elas marcadas por estupros pouco relatados, pois a violência contra a mulher demorou a ser um escândalo e ainda hoje é tolerada em algumas culturas.

    A Igreja criou o voto de virgindade para proteger a mulher! Se ela era consagrada a Deus, não podia ser tocada. Forças especiais eram deslocadas para proteger os conventos! Mas, estando ali à força, sentiam saudades prévias do casamento e, não podendo ficar agarradinhas aos amados, faziam doces agarradinhos uns aos outros, como o bem-casado.

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    Além de nomes assim criativos, surgiram expressões curiosas sobre a gula de frades e padres. Barriga de padre, cemitério de galinha. Numerosos provérbios e expressões lembram que os frades jamais comeram mal. Na tradição luso-brasileira, os padres não estão vinculados ao jejum, costume cristão de dois milênios, mas à gula.

    As razões são muitas, mas uma é especial: para compensar o voto de castidade, que lhes proibia o sexo, religiosos e religiosas dedicaram-se à elaboração de comidas, vinhos e licores cuja fama atravessou os séculos.
    Frei Betto publicou um livro de título que expressa o lado prazeroso, não apenas de comer, mas de fazer a comida: Comer como uma frade: divinas receitas para quem sabe por que temos um céu na boca (Editora José Olympio).

    Confira aqui outros textos de Deonísio da Silva

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