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Defender a própria vida é um direito irrevogável

Só cretinos fundamentais acham possível enfrentar animais selvagens e feras humanas com apelos e técnicas de persuasão

Por Augusto Nunes 16 jan 2019, 18h02
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  • Aprendi a lidar com armas de fogo graças a Nossa Senhora Aparecida. Não, não estou brincando com coisa séria. Explico-me. Em Taquaritinga, onde nasci, o povo festeja o dia da padroeira do Brasil soltando rojões. Num certo 12 de outubro, meu pai resolveu trocar os fogos de artifício por um Taurus calibre 32. E, enquanto homenageava a santa com tiros de revólver, ensinou os filhos a manejarem sem perigo e com destreza objetos que tanto atormentam os pacifistas de botequim.

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    A partir daquele ano, as lições foram ministradas em todos os dias de foguetório. Mantenham o revólver apontado para o chão, alertava meu pai. Examinem o tambor e vejam se existe alguma bala no cano com os dedos longe do gatilho. Apoiem na outra mão a mão que empunha o cabo. E atirem sempre para o alto, em espaços abertos. Essas aulas práticas bastaram para que aprendêssemos que armas devem ser usadas com cuidado e em ocasiões especiais. Nenhum de nós virou pistoleiro, ninguém na família saiu pelas ruas da cidade querendo decidir pendências a bala.

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    Graças a métodos semelhantes, sucessivas gerações de taquaritinguenses aprenderam a manejar armas com a naturalidade de quem empina uma pipa. Existe ao menos uma em cada casa. Espingardas proliferam na zona rural, ao alcance dos braços de agricultores dispostos a usá-las contra onças ou feras humanas. Mas não passa de um dígito o número de mortes por armas de fogo contabilizadas a cada ano. Esse número é invariavelmente inferior ao de casos de tentativas de assalto ou ataques de bichos ferozes frustrados por um mero disparo de advertência.

    No referendo de 2005, passou de 80%, em Taquaritinga, o contingente de eleitores que votaram a favor do direito de ter em casa uma arma. Repetiu-se por todas as regiões brasileiras a derrota dos que acham que devemos enfrentar desarmados bandidos tão ferozes quanto animais selvagens. O decreto assinado ontem pelo presidente da República, portanto, atendeu à vontade da grande maioria dos brasileiros.

    Defender a própria vida é um direito que jamais será revogado. Pergunto: é possível exercê-lo recorrendo exclusivamente a apelos, técnicas de persuasão, ou mesmo a socos e pontapés? Só cretinos fundamentais acham que sim.

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