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Augusto Nunes

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De onde vêm as palavras: O Brasil está sempre à beira do abismo

Deonísio da Silva relembra algumas frases atribuídas a personalidades que, entretanto, jamais as pronunciaram

Por Augusto Nunes Atualizado em 4 jun 2024, 20h29 - Publicado em 23 jan 2017, 14h11
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  • O senador Humberto Costa -
    17 de julho de 1961 - Jânio discursa em inauguração da Escola de Metalurgia, em Volta Redonda, no Rio de Janeiro (Walter Firmo/Agência JB/VEJA)

    deonisio11

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    “O Brasil está beira do abismo”, reconheceu o marechal Castello Branco, primeiro presidente do ciclo militar pós-1964.

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    “O Brasil deu um passo à frente”, acrescentou seu sucessor, o marechal Costa e Silva.

    “Ninguém segura este país”, completou o ocupante do terceiro mandato autoritário, o general Emílio Garrastazu Médici, entronizado depois da Junta Militar que ficara no interstício entre o segundo e o terceiro.

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    Verdadeiras ou lendárias, estas frases teriam sido proferidas, então, num curto período histórico, por três presidentes da República. Ilustradas em tom de deboche, estavam numa edição de O Pasquim, censurada e apreendida nas bancas.

    Todavia a primeira frase, “O Brasil está à beira do abismo”,  é mais antiga e vem sendo pronunciada desde os tempos imperiais. Foi registrada na peça de teatro O Diabo no Corpo, de Coelho Neto, apresentada pela  primeira vez em 1899, no Theatro Lucinda, no Rio, mas publicada em livro apenas em 1905.

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    Não raro são frases ditas por políticos, mas arrumadas e editadas por jornalistas, quando não de autoria de intelectuais que as escreveram para serem pronunciadas por autoridades, como  diz Carlos Drummond de Andrade no poema O Sequestro de Guilhermino César, em que fala de “repartições públicas onde se cumpria o destino de literatos sem pecúnia,/ autores de discursos que jamais pronunciaríamos,/ pois os concebíamos para outros pronunciarem / no majestático palanque do Poder”.

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    Há muitos exemplos de frases atribuídas a personalidades que entretanto jamais as pronunciaram. Lembremos três delas.

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    Elementar, meu caro Watson”, o célebre fecho com que o detetive Sherlock Holmes dá a entender  a seu amigo Watson que tudo estava claro desde o início. Ela não é encontrada em nenhum livro do autor.

    O Brasil não é um país sério” foi atribuída ao general Charles De Gaulle. Ele nunca a pronunciou.

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    E para homenagear o jornalista Augusto Nunes, que sabe tudo sobre Jânio Quadros, lembremos por último “Fi-lo porque qui-lo”, imputada ao presidente,  que entretanto jamais a pronunciou. Se a  proferisse, diria “fi-lo porque o quis”.

    Outras foram ditas e escritas, mas não do modo como se tornaram conhecidas. Eis duas delas.

    “Nesta terra, em se plantando, tudo dá” é creditada ao escrivão Pero Vaz de Caminha na certidão de nascimento do País, a sua famosa Carta do Achamento do Brasil. Sim, esta terra foi achada, não descoberta. A frase está lá, mas foi escrita de outro modo: “Querendo-a aproveitar, dar-se-á nela tudo”.

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    “Sangue, suor e lágrimas”. Esta é atribuída ao Winston Churchill em seu primeiro discurso na Câmara dos Comuns, em 1940. Mas Churchill ofereceu, não três, mas  quatro coisas: “Sangue, trabalho, lágrimas e suor”. Esqueceram o trabalho!

    Para escrevê-la, o então primeiro-ministro inspirou-se num discurso de Giuseppe Garibaldi, pronunciado em 1849: “Não ofereço nenhum pagamento, nem postos, nem provisões. Ofereço fome, sede, marchas forçadas, batalhas e morte”.

    O brasileiro é frajola e adora uma frase. Frajola, do Quimbundo fwala dyola, significa isso mesmo: por falar bonito, a pessoa é vista como elegante e faceira: fwala é falar; dyola é claro, puro.

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    Frajola designou originalmente aquele que fala com clareza uma língua que a maioria não conhece. Atualmente designa indivíduo vestido com elegância exagerada.

    E assim fica o dito pelo não dito, uma outra frase famosa, aliás.

    Confira aqui outros textos de Deonísio da Silva

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