Graças às abjeções promovidas pela quadrilha que fundiu a ganância de executivos de grandes frigoríficos, a sordidez de funcionários do Ministério da Agricultura e a desfaçatez criminosa de políticos do PMDB e do PT, o Brasil subiu várias posições no ranking mundial da canalhice. As descobertas da Operação Carne Fraca são de dar engulhos mesmo em estômagos que as investigações da Lava Jato tornaram extraordinariamente resistentes a notícias abomináveis.
Mas ninguém terá o direito de espantar-se caso o ministro da Justiça, Osmar Serraglio, e seu antecessor José Eduardo Cardozo não enxergarem nada de mais nas nauseantes demonstrações de desprezo pela saúde dos brasileiros e pela vitalidade de um setor da economia especialmente relevante. A miopia esperta de Serraglio seria consequência das ligações com um quadrilheiro a quem chama de “grande chefe”. Cardozo deve achar que — como o caixa 2, o futebol e o Carnaval — também o hábito de tapear o freguês é “uma questão cultural”.
O país que presta discorda. Brasileiros decentes entendem que quem age como Serraglio ou pensa como Cardozo é tão podre quanto a carne vendida pelo bando. E sabem há muito tempo que existe cura para praticantes de atividades culturais tão repulsivamente ilegais: basta uma boa temporada na cadeia.