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Augusto Nunes

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A reedição do espetáculo da desonra

Olhar de moleque pilhado com a mão enfiada na gaveta onde a avó guarda o dinheiro, um fiapo de voz combinando com o biotipo de jóquei, o piloto Felipe Massa admitiu que entregara a Fernando Alonso a vitória na corrida disputada neste domingo na Alemanha. Mas negou que a rendição sem luta ocorrera por ordem […]

Por Augusto Nunes Atualizado em 31 jul 2020, 14h43 - Publicado em 26 jul 2010, 15h17
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  • Olhar de moleque pilhado com a mão enfiada na gaveta onde a avó guarda o dinheiro, um fiapo de voz combinando com o biotipo de jóquei, o piloto Felipe Massa admitiu que entregara a Fernando Alonso a vitória na corrida disputada neste domingo na Alemanha. Mas negou que a rendição sem luta ocorrera por ordem da Ferrari, interessada em ampliar a pontuação do parceiro espanhol no campeonato da F-1. É suficientemente corajoso para capitular por vontade própria.

    “Tomei a decisão porque era o melhor para o time”, balbuciou. Decidiu coisa nenhuma, sabem os espectadores que testemunharam pela TV o espetáculo do cinismo e da desonra. “Essa situação é ridícula”, começou Alonso ao constatar que o brasileiro teimava em ser mais veloz. Ainda mais ridículo, além de obsceno, foi o ato seguinte. Com voz pausada, um engenheiro da Ferrari diz a Massa que o espanhol é mais rápido. Em seguida, pergunta se entendeu o recado. Entendeu, informa o pé que se afasta do acelerador.

    Gostem ou não de corridas de F-1, entendam ou não as regras do que já foi um esporte, todos os brasileiros decentes têm o dever de sentir-se agredidos pela reedição do show de cafajestagem protagonizado por pilotos do País do Carnaval. Rubinho Barrichello fez isso em 2002, Nelsinho Piquet fez isso em 2008. Ontem, outro brasileiro mostrou ignorar que a alma de um campeão não está à venda.

    Massa vendeu a sua por um punhado de dólares. Ainda que sejam milhões, será sempre um punhado. O terceiro em tão pouco tempo. Não pode ser coincidência. O interesse pela F-1 começou a agonizar por falta de talentos. Vai acabar de vez por falta de vergonha

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